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Condenados em licença de Natal são acusados de assalto na região
Por Artur Rodrigues e Fabio Leite
Especial para o Diário
27/12/2005 | 08:59
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A chamada saidinha temporária, benefício concedido pela Justiça para que detentos condenados passem feriados com familiares e retornem ao convívio social, foi a oportunidade que presos encontraram para praticar crimes em duas cidades da região. Em Santo André, um preso condenado é acusado de roubar dois carros e um posto de gasolina. Dois outros condenados foram presos em flagrante segunda-feira, em São Bernardo, praticando um seqüestro-relâmpago. Nos últimos anos, uma média de 10 mil presos, cumprindo pena em regime semi-aberto, são beneficiados pela saída temporária.

Segundo a polícia, Leandro Carlos Pereira, conhecido como Alemão, 27 anos, ignorou a chance de passar o Natal e o Ano Novo ao lado da família para pôr em prática sua especialidade: roubar. Em apenas cinco minutos, Alemão teria roubado dois carros e um posto de gasolina na madrugada de segunda-feira, em Santo André. A festa, contudo, durou pouco. O assaltante foi detido por policiais militares meia hora mais tarde e voltou para a cadeia ainda antes do réveillon.

Alemão, segundo a polícia, praticou o crime para saldar uma dívida com o PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que surgiu na Casa de Custódia de Taubaté em 1993. De acordo com um PM, é comum os presos beneficiados pelo saída (redução ou permuta da pena) de fim de ano terem de levar dinheiro ao PCC para manterem regalias na cadeia ou até mesmo a própria vida. "Ele tinha que voltar com alguma grana para o pessoal do PCC, se não poderia até perder a vida", acredita o policial. Alemão estava de licença desde o dia 23 e só retornaria à Penitenciária de Mirandópolis, a 605 km da capital, no dia 3 de janeiro. Ele foi condenado a 25 anos de prisão por roubo, dos quais cumpriu cinco.

Armado com um revólver calibre 38 municiado, Alemão teria roubado um Kadett preto no semáforo do cruzamento da avenida dos Estados com a rua Oratório, no bairro Bangu, em Santo André. "Meu carro estava livre na frente do farol. Ele veio do meio lado enfiou o revólver na minha cabeça e mandou eu e minha amiga sairmos do carro", contou o ferramenteiro M.G..

Em seguida, Alemão teria parado para abastecer no Auto Posto Bolinha, na Alameda Vieira de Carvalho, no bairro Santa Terezinha. De acordo com a polícia, ele colocou R$ 20 de gasolina, roubou outros R$ 83 do frentista e saiu sem pagar. A essa altura, a PM já havia sido acionada pela primeira vítima e estava à procura do assaltante.

Com receio de ser facilmente encontrado pela polícia, Alemão teria abandonado o Kadett na rua Colúmbia, já no Parque das Nações, e roubado um Ford Pampa vermelho metros à frente, na rua Guadalupe. "Ele tentou enganar a gente. Roubou outro carro para nos despistar", relatou o PM. O condenado teria seguido com a caminhonete até a praça Carlos Beltrão, onde desceu do veículo e partiu em fuga a pé até ser detido por policiais militares.

Horas depois, por volta do meio-dia, outros dois detentos beneficiados pela saída temporária trilhavam o caminho para voltar mais cedo para o presídio. Os dois homens abordaram o vendedor C.N., 26 anos. "Me ameaçaram com um revólver e disseram que iam ficar com o carro e ir até o meu banco, o Itaú, para sacar meu dinheiro", conta.

Mas, ao avistar duas motocicletas da Guarda Civil Municipal de São Bernardo, os suspeitos transformaram as ruas da cidade em uma verdadeira pista de carrinhos de bate-bate. Aceleraram e empurravam qualquer veículo que parasse no semáforo. Pelo menos três foram atingidos pelo Corsa do vendedor.

O festival de barbeiragens da dupla só acabou quando o veículo parou. "Aí eu pulei do carro e eles já estavam cercados pelos guardas", conta o vendedor. Os dois foram presos e confessaram estar sob liberdade provisória, recém-liberados da Penitenciária de Valparaíso, no interior do Estado. Ambos estavam sem documentos. Um deles, Emerson Araújo dos Santos, teve sua identidade confirmada. Já o outro, que se identificou como Valmir Ramos da Silva, não havia tido suas impressões digitais reconhecidas pela polícia científica até segunda-feira à tarde.




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