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Nardini deixou o rótulo de hospital de corredor, diz Atila
Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
28/12/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), elencou mudanças no Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini como uma das principais ações de seu primeiro ano à frente do Paço. Em entrevista ao Diário – a quarta da série sobre balanços –, o socialista minimizou a crise no setor na cidade, que envolveu demissões de funcionários terceirizados da FUABC (Fundação do ABC) e até a saída do secretário da Pasta Márcio Chaves (PSD). “Passamos o ano todo trabalhando na readequação do contrato, para melhorar os atendimentos, reduzir e qualificar os gastos. Acompanhei de perto a gestão do Hospital Nardini, que deixou de lado o rótulo de hospital de corredor”, disse, por e-mail.

Atila citou dificuldades financeiras no início do exercício por conta de dívidas herdadas, da ordem de R$ 1,6 bilhão. O chefe do Executivo ignorou, contudo, diversos questionamentos feitos pela equipe do Diário, como o impasse envolvendo a dívida da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Ele falou também da garantia de 100 ônibus zero-quilômetro – o Diário apurou que apenas 20 unidades foram entregues, e com atraso.


O sr. relatou ter assumido a Prefeitura de Mauá com uma dívida, herdada do ex-prefeito Donisete Braga (PT, 2013-2016). Qual era a real situação financeira da administração em janeiro deste ano e quais iniciativas o governo teve de adotar para driblar essa situação?

Assumimos uma cidade sem dinheiro e endividada, de joelhos financeiramente e estruturalmente. A dívida que nos foi deixada foi de R$ 1,6 bilhão, um valor que superava o Orçamento previsto para 2017, um valor exorbitante. Os equipamentos públicos estavam sucateados, mal cuidados e muitos sem funcionalidade. Tratamos de colocar a manutenção da cidade em dia. Tivemos de usar a criatividade e fazer muito com pouco. Com o programa Pintou Limpeza, revitalizamos diversos bairros da cidade, com novas praças de lazer, academias ao ar livre. Fizemos a Operação Guarda-Chuva, com limpeza de piscinões, galerias, córregos, etc. Seguimos essa lógica nos equipamentos públicos, com pintura e correção de falhas estruturais. Um exemplo que é bastante simbólico é a recuperação de parte do quarto andar do Hospital (de Clínicas Doutor Radamés) Nardini. Com mão de obra própria, transformamos um espaço inutilizado em mais de dez leitos. Além disso, garantimos diversas emendas parlamentares para fortalecer nosso Orçamento e também a inclusão de Mauá em programas do Estado (hoje nas mãos do governador Geraldo Alckmin, PSDB) e do governo federal (chefiado por Michel Temer, MDB).

Em todas as cidades brasileiras, a Saúde é um problema crônico e acaba virando o calcanhar de Aquiles dos governantes. Em Mauá não é diferente. Porém, ocorreram alguns impasses que acabaram intensificando essa crise, como a troca de dois superintendentes do Nardini e as demissões de terceirizados da FUABC (Fundação do ABC), que alegam não ter recebido seus direitos até hoje, além disso o então secretário da Pasta, Márcio Chaves (PSD), pediu demissão citando ingerências. Como isso está sendo resolvido?

Desde que assumimos a Prefeitura estabelecemos uma comissão de trabalho entre o governo e a FUABC com o propósito de rever o contrato firmado na gestão passada. Essa foi uma atitude acertada, pois ficou claro a divergência dos valores que a FUABC dizia que devíamos. Passamos o ano todo trabalhando na readequação do contrato, para melhorar os atendimentos, reduzir e qualificar os gastos. A FUABC tem certa responsabilidade contratual que deve ser cumprida. Acompanhei de perto a gestão do Hospital Nardini, que deixou de lado o rótulo de hospital de corredor. Trabalhamos muito para humanizar e melhorar os atendimentos. Inauguramos o Centro de Atendimento de Emergência Referenciado, que estava fechado há quase dez anos. Agora temos equipamentos modernos, espaço qualificado e uma equipe dedicada a atender da melhor forma possível o cidadão mauaense.

O governo já tem um nome para substituir Márcio Chaves na Saúde, exonerado no começo deste mês?

Estamos estudando (alternativas para a Pasta).

A FUABC cobra uma dívida do município na ordem de R$ 123 milhões, referentes a supostos calotes da Prefeitura. O seu governo discorda desse valor e, recentemente, foi criada uma comissão, integrada por funcionários do Paço e da FUABC, para reavaliar esses números e chegar num consenso. Já existe algum avanço nesse debate?

Estamos próximos de chegar a um consenso.

Durante o ano, o sr. sofreu várias baixas em seu secretariado. Isso atrapalhou, de alguma forma, o bom andamento dos serviços?

Mantivemos a qualidade dos serviços públicos. Basta olhar os números de pesquisas que o próprio Diário divulgou e a do Indsat, por exemplo, que nos colocou como o prefeito mais bem avaliado do Estado de São Paulo. Mudanças e ajustes são necessários, mas isso nunca tirou nosso foco, nosso objetivo de melhorar a qualidade de vida do povo.

Há intenção pessoal sua de eleger seu pai, o presidente da Câmara, Admir Jacomussi (PRP), como deputado estadual nas eleições do ano que vem. Uma eventual vitória dele te fortaleceria, de alguma forma, para a disputa à reeleição em 2020?

Eleição só se discute em ano par, ainda estamos em um ano impar.

O sr. criou a Secretaria de Transportes na reforma administrativa. Qual o balanço o sr. faz do setor e no que isso beneficiou a criação de uma Pasta exclusiva?

No transporte revitalizamos dois terminais, o do Central e o do Itapeva. Criamos as linhas inteligentes Expresso Mauá, que economizam até 30 minutos no trajeto de ônibus. Garantimos 100 novos ônibus zero-quilômetro por meio do programa federal Refrota. As linhas municipais agora contam com wi-fi gratuito e tomadas USB para recarga de celulares. Buscamos mais conforto e qualidade aos usuários do transporte coletivo de Mauá.

Quais serão as prioridades para o exercício de 2018? O que o sr. tem no horizonte como principais metas para o ano que vem?

A prioridade é consolidar as conquistas e os avanços que tivemos em 2017. Com o programa Pintou Limpeza, revitalizamos a cidade. Foram mais de 130 praças recuperadas, com academia ao ar livre e playground. Um programa que é muito bem avaliado pelo povo, pois devolveu o respeito de uma cidade bem cuidada, com a manutenção em dia. Com o programa Pavimenta Mauá foram quase 100 ruas pavimentadas neste ano. É mais infraestrutura e segurança na mobilidade da cidade. Realizamos a maior agenda de inaugurações em um aniversário que a cidade já viu. Nos (festejos de) 63 anos de Mauá (comemorado em 8 de dezembro), fizemos 12 inaugurações importantes para a cidade. Na Educação, inauguramos a Fiec (Fábrica Integrada Educacional e Cultural, antigo CEU, Centro Educacional Unificado), que abriga a Escola Municipal Alberto Betão Pereira Justino, no Parque das Américas, complexo esportivo e aquático. É um modelo de integração de educação, cultura e esporte para nossos jovens. Com a abertura da Escola Municipal Martin Luther King (Júnior), ao todo, são quase 1.000 vagas (criadas) para Educação Infantil. Em 2018, abriremos a creche Alice Túlio Jacomussi, no Jardim Araguaya, (que vai abrir) mais vagas em creche para os filhos de Mauá.

Transformamos a cidade em Polo Universitário com a chegada da Faculdade de Medicina e da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo). Em 2018, seguiremos com esse trabalho e teremos mais novidades.

O Teatro de Mauá estava fechado há cerca de dois anos e a reforma foi, por diversas vezes, adiada, até ser reaberto no dia 8. Quais foram os principais ganhos e o que o sr. destaca na área da Cultura?

Reabrimos o principal palco da cultura mauaense, o Teatro Municipal, que ficou abandonado por mais de quatro anos. Em 2018, a programação será intensa, com espaço para artistas mauaenses e convidados, uma opção para as famílias consumirem cultura de qualidade. Reativamos ainda as oficinais culturais e criamos a Fábrica de Artes, na Vila Mercedes e no Parque das Américas. Ainda teremos uma Fábrica de Artes no eixo-barão. Criamos o programa Quartas Culturais, música de graça na Praça 22 de Novembro e valorização do artista mauaense.  




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