Localizado no Centro de Santo André, o único bicicletário municipal do Grande ABC está abandonado. O cenário do espaço, que serve de passagem entre as ruas Presidente Carlos de Campos e Delfim Moreira, é formado por descartes de lixo, toldos danificados e pichações. O resultado é que poucos se aventuram a deixar os veículos com pedais no local.

Na tarde de ontem, a equipe do Diário foi até o local e verificou que apenas duas bicicletas estavam estacionadas em área que comporta até 152 ‘magrelas’. O acúmulo de lixo é visível em diversos pontos, e os toldos, que deveriam proteger os veículos e seus proprietários das chuvas, estão danificados.

Acostumado a andar de bike pelas ruas da região, o auxiliar de produção William Lima dos Santos, 25 anos, morador do Jardim Zaíra, em Mauá, passou pelo local pela primeira vez na tarde de ontem, ao voltar de uma entrevista de emprego em São Caetano. “Não saberia que aqui é um bicicletário se não prestasse atenção. Jamais teria coragem de deixar a minha bicicleta, que é o meu único meio de locomoção. É melhor pagar uma taxa e deixar num local mais seguro e com melhores condições”, destaca.

O auxiliar de reposição aposentado Wilson Roberto, 65, utiliza a bicicleta por ser um meio de transporte mais barato do que o carro. Para ele, que também mora na região central, o bicicletário ajudaria bastante. “Eu já não gostava de deixar ela (bike) aqui. O espaço aqui está completamente abandonado. Hoje, não dá para ter carro, por causa do preço do combustível. Vendi o meu faz tempo. A bicicleta, em compensação, tem este problema, é difícil de estacionar”, considera.

Para pedestres que utilizam a passagem, a sensação também é a de pesar. “É uma pena que locais assim sejam tão malcuidados. O povo também precisa conservar e não jogar lixo assim”, opina a dona de casa Márcia Cardoso, 33.

A Prefeitura de Santo André informou que a ideia é transformar o espaço no Beco do Ciclista, revitalizando a área para que seja ponto de apresentações culturais e de venda de produtos, tudo voltado ao incentivo à arte e ao uso da bicicleta. No entanto, a administração diz que “busca parcerias privadas a fim de executar este projeto em um curto espaço de tempo”, sem detalhar prazos.