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Bush pede US$ 87 bi para o Iraque e manda recado à ONU
Da AFP
08/09/2003 | 09:03
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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez um apelo à comunidade internacional para que ajude na reconstrução do Iraque, nesse domingo, em um discurso de 15 minutos na TV, em rede nacional. Ele ainda pediu ao Congresso que libere US$ 87 bilhões para financiar os trabalhos de ajuda aos iraquianos e mandou um recado às Nações Unidas (ONU) para que superassem os desentendimentos do passado — a entidade foi contra a invasão do país, em março.

"Não podemos deixar que nossas divergências passadas compliquem nossos compromissos atuais", declarou Bush. "Os membros das Nações Unidas têm agora uma oportunidade e a responsabilidade de assumir um papel maior para garantir que o Iraque volte a se tornar um país livre e democrático", acrescentou.

O presidente norte-americano destacou que o Iraque se tornou o centro da luta contra o terrorismo e por isso precisa de mais US$ 87 bilhões para financiar os gastos no país e também no Afeganistão (invadido após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova York e Washington).

"Reconheço que nem todos nossos amigos estiveram de acordo com nossa decisão de fazer as resoluções da Nações Unidas serem aplicadas e de tirar Saddam Hussein do poder. Mas a ajuda é essencial", acrescentou Bush.

O presidente americano disse ainda que o secretário de Estado, Colin Powell, vai dar início a reuniões com representantes de outros países este mês, para analisar contribuições para a reconstrução do Afeganistão e no próximo mês vai realizar uma conferência sobre o financiamento para a reconstrução do Iraque.

"A Europa, o Japão e os estados do Oriente Médio vão se beneficiar do triunfo da liberdade nestes dois países e deveriam contribuir para seu êxito", afirmou Bush.

Problemas - O discurso do presidente norte-americano acontece em um momento que seus soldados enfrentam operações de guerrilha que já custaram a vida de 70 militares nos quatro meses após o final da Guerra no Iraque.

Além de tentar convencer a comunidade internacional a apoiar o Iraque, Bush tentou abafar as críticas internas sobre a estratégia pós-guerra do seu governo.

Enquanto isso, no Iraque, a coalizão anglo-americana deu um prazo até o próximo sábado para que as milícias xiitas se desarmem, ultimato este já rejeitado pelo grupo do jovem imã radical Moqtaba Sadr, segundo informação do escritório do líder religioso, em Najaf.

Estas milícias tomaram posições nas ruas das cidades santas xiitas do centro do Iraque depois do atentado contra o aiatolá Mohammad Baqer Hakim, em 29 de agosto, na saída do mausoléu de Ali, em Najaf, que matou, além do chefe do Conselho Supremo da Revolução Islâmica (CSRII), outras 82 pessoas.

No discurso, Bush não fez nenhuma referência à possível existência de armas de destruição de massa no Iraque, principal motivo alegado por ele para justificar a invasão.

Apoio - O Conselho de Segurança da ONU, por sua vez, começa a debater o projeto americano de resolução para a reconstrução do Iraque. Os chefes da diplomacia russa, francesa e alemã insistiram neste domingo, em conversas pelo telefone, na importância do papel das Nações Unidas no Iraque.

Segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo, o chefe da diplomacia deste país, Igor Ivanov, e o representante francês Dominique de Villepin "continuam examinando as alternativas de solução da situação do Iraque e da garantia do papel central da ONU no processo".

De acordo com outro comunicado, Ivanov e o chefe da diplomacia alemã, Joschka Fischer, também insistiram em um papel mais ativo da ONU.

A Grécia, por sua vez, descarta a possibilidade de enviar tropas sem a confirmação da importância da atuação das Nações Unidas, afirmou o primeiro-ministro grego, Costas Simitis.

A Turquia pediu que as autoridades americanas e iraquianas esclareçam a necessidade do envio de tropas turcas, depois de comentários hostis do novo ministro iraquiano das Relações Exteriores, Hoshyar Zebari, segundo a agência Anatólia.

No Cairo, uma fonte diplomática disse que os países árabes praticamente chegaram a um acordo para autorizar o ministro iraquiano Zebari a participar de sua próxima reunião ministerial de terça-feira na capital egípcia.

Os ministros árabes cujos países não reconheceram as novas autoridades de Bagdá devem anunciar oficialmente nesta segunda-feira se vão admitir a presença do chanceler iraquiano na reunião de terça e quarta-feira, que deve discutir principalmente o problema do Iraque.

No local, um porta-voz militar americano classificou a situação de "não habitual" e disse que não houve soldados mortos nem feridos neste domingo no Iraque.

Entretanto, o porta-voz da divisão multinacional sob comando polonês, Andrzej Wiatrowski, afirmou que um iraquiano foi abatido e outro ferido por um soldado ucraniano. Este iraquiano morto se torna a primeira vítima fatal desde que a Polônia assumiu o controle de um das quatro regiões do Iraque.




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