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Bando que usava distintivo da polícia é preso

Investigações em postos de gasolina e padarias, alvos preferidos, duraram 7 meses

Rafael Ribeiro
do Diário do Grande ABC
28/07/2012 | 07:00
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Eles chegavam em dupla ou trio e não levantavam suspeitas. Pelo contrário, ganhavam a confiança dos proprietários de padarias e postos de gasolina, seus alvos prediletos. Com o ambiente favorável, anunciavam o assalto. O motivo é simples: usavam distintivos e camisas que teriam sido roubadas da Polícia Civil. Ontem, quatro integrantes da quadrilha foram presos por agentes do 1º DP (Centro) de São Bernardo.

Segundo o delegado titular Victor Vasconcellos Lutti, as investigações começaram há cerca de sete meses, quando comerciantes começaram a relatar que estavam sendo roubados por policiais. Desde então, calcula-se que mais de 30 ações teriam sido protagonizadas por integrantes do bando na cidade, na vizinha Santo André e também na Zona Leste da Capital.

"O comerciante ficava muito tranquilo ao ver que teoricamente eram policiais que estavam em seu estabelecimento. Tanto que nas imagens os clientes sequer desconfiavam que se tratava de um crime em andamento", disse Lutti. As ações eram tão ousadas que duravam mais de cinco minutos e eles apenas faziam menção de que estavam armados.

A investigação de outro crime levou os policiais à solução do caso. Durante a apuração de homicídio no Baeta Neves, Jefferson Mendes Santana, 37 anos, morador da Praia Grande, litoral paulista, acabou fichado na delegacia. Após a análise das imagens de segurança de um posto de gasolina, foi reconhecido por um agente. Ele continua foragido, com a prisão decretada, mas descobriu-se o casal Marcos Aparecido de Lima, 28, e Aline Josefa da Conceição, 21, autuados na terça-feira, no Jardim Lavínia.

Ela era procurada por fugir da Penitenciária Feminina, na Capital, após sair no indulto do Dia dos Pais do ano passado e não retornar. Cumpria pena por tráfico. Todos os detidos tinham passagens anteriores por furto, roubo e recepção. Incluindo Adriano da Fonseca, 45, preso na quinta-feira no bairro Alves Dias, pouco depois de roubar uma lanchonete na Vila Silvestre, em Santo André.

A polícia seguia o Fox prata em que Fonseca estava quando percebeu que um Idea da mesma cor o estava seguindo. Durante a abordagem, descobriu-se que o Idea era roubado. E que o motorista estava com celulares do segurança e do empresário do vice-prefeito da cidade, Frank Aguiar (PTB). Somente ontem, após ser autuado por receptação, foi reconhecido como integrante do bando em ações antigas. A polícia quer manter o nome dele sob sigilo até que consigam a cassação do direito à fiança e, desta forma, ele permaneça detido no CDP (Centro de Detenção Provisória), onde ele e os outros dois homens foram levados. 
Segundo Lutti, ainda resta um integrante da quadrilha e sua prisão pode ser decretada nos próximos dias.

Delegado vê prisões como resposta

O delegado seccional de São Bernardo, Rafael Rabinovici, comemorou a prisão de quatro integrantes da quadrilha que utilizava distintivos e camisas supostamente roubados da Polícia Civil anunciada ontem.

Segundo ele, foi uma resposta às acusações de que seriam policiais os responsáveis pelos roubos. "A sociedade viu que um trabalho sério de investigações trouxe os resultados esperados e o fim de mais um grupo criminoso", disse.

Victor Vasconcellos Lutti, titular do 1º DP (Centro) da cidade, onde o caso foi registrado, disse que a mancha pelo uso dos distintivos ficará, mas que isso tornou-se minoritário com as prisões realizadas.

"É um fato muito negativo", disse. "Mas não há como controlar isso. Infelizmente esses objetos são vendidos por aí sem fiscalização rígida. Não sabemos nem de onde conseguiram", completou.

Facilitou o trabalho de investigação o fato de o suspeito averiguado no caso de homicídio do Baeta Neves, também há cerca de sete meses, estar com a mesma roupa de um assalto cometido em uma padaria do bairro Paulicéia.

Os quatro detidos responderão por roubo qualificado e formação de quadrilha. A mulher, que era procurada pela Justiça, foi encaminhada à Penitenciária Feminina local. Sete inquéritos já foram instaurados.




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