Diarinho Titulo Dúvida
É verdade ou mentira?

Há histórias que a gente sempre escuta, mas nunca tem certeza se é realidade ou invenção; confira algumas delas

Por Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
01/04/2012 | 07:00
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Mentira é quando dizemos algo que, no fundo, sabemos não ser verdade. A gente pode contá-la por diferentes motivos: para se sair bem de uma situação, fazer parte de um grupo, ao se sentir inseguro, ao ter medo das consequências após fazer algo errado e para defender alguém ou a si mesmo.

Mas existem algumas lorotas que nascem pequenas e começam a se espalhar de maneira tão grande que permanecem na cuca das pessoas por várias gerações. Em um determinado momento ninguém mais sabe se é verdade ou não. E há quem diga que os adultos - principalmente os pais - inventam várias delas para nos proteger. Será? O Diarinho resolveu checar algumas histórias que nos deixam com a pulga atrás da orelha (confira abaixo).

Pedro Neves, 9 anos, do Colégio Jean Piaget, em São Bernardo, sempre escuta que não pode andar descalço porque vai adoecer. "Sempre faço isso e nunca fico mal. Acho mesmo é que dizem para eu não sujar o pé."

Na opinião de Rafaela Domingues, 9, do Colégio Barão de Mauá, em Mauá, muitas vezes as pessoas inventam mentiras para deixar as histórias mais interessantes ou para colocar medo nos outros. "Usam a criatividade, por isso, muita gente acredita."

MUITO ANTIGA - Não dá para saber ao certo quando a mentira surgiu. Mas, segundo especialistas, apareceu a partir do momento em que o homem passou a viver em sociedade.

Todos têm um pouquinho de Pinóquio, embora ninguém goste de admitir. Parece estranho, mas há situações em que, por educação, não falamos a verdade. Por exemplo, você não deixará de agradecer um presente de aniversário mesmo que não tenha gostado, certo? Esse tipo de mentirinha é aceito pela sociedade. Até mesmo as brincadeiras de 1° de abril - Dia da Mentira -, em geral, não causam problemas. Entretanto, as lorotas que podem prejudicar alguém são muito ruins.

A mentira está presente em todas as fases da vida. Até por volta dos 4 e 5 anos é natural confundir realidade e imaginação. Aos poucos, entendemos o que é certo e errado. Mas se ao crescer continuar inventando coisas, pode-se perder a confiança das pessoas.

 

SUPER-HERÓIS iguais aos das histórias em quadrinhos, filmes e desenhos não existem na vida real. Mas mesmo pertencendo ao universo do faz de conta transmitem para a gente importantes ensinamentos como coragem, determinação, amizade, solidariedade e lealdade. Por isso, são admirados. Os super-heróis moram na imaginação do homem há milhares de anos. Faziam parte das lendas transmitidas de uma geração para outra por contação de histórias. Atualmente, ganharam espaço no cinema e na TV. No opinião de Rafaela Domingues, 9 anos, de Mauá, os bombeiros e policiais podem ser considerados heróis de verdade. "Ajudam a salvar pessoas." Nossos pais e até os animais - em casos de salvamento - também podem ser comparados aos personagens com superpoderes.

 

MAQUIAGEM não envelhece a pele, mas pode causar espinhas e dermatite de contato (reação alérgica a determinados produtos). Na infância, a pele é muito sensível e fininha, por isso, não está preparada para recebê-la. Entretanto, não tem problema passar um pouquinho em ocasiões especiais; só precisa tomar cuidado com a qualidade do produto. Barbara Leite, 8 anos, de São Bernardo, usa batom e sombra apenas quando vai a festas. "Sei que não posso passar todos os dias." Recomenda-se utilizar maquiagem a partir da adolescência (após a primeira menstruação), quando a pele está mais parecida com a do adulto. E sabe aquelas que vêm em brinquedos? Em geral, não são apropriadas.

 

COLOCAR MENTOS dentro da garrafa de refrigerante causa reação que impulsiona o líquido para fora de modo brusco. O fenômeno ocorre porque a bala tem a superfície recoberta por minúsculas irregularidades que formam várias bolhinhas de gás carbônico, que também compõe a bebida. Assim que as bolhas se soltam do mentos, aumentam o volume do líquido e a pressão no recipiente. A goma arábica (ingrediente da bala) acelera o processo. O mesmo pode acontecer no estômago. Mas não se assuste! O órgão é forte o suficiente para suportar a pressão.

 

TOMAR LEITE e depois comer manga - ou vice-versa - não faz mal, segundo especialistas. Henry Diniz, 9 anos, de Mauá, adora suco da fruta com leite e diz que nunca teve problema. A ideia de que a mistura é prejudicial surgiu na época da escravidão. Foi inventada pelos fazendeiros para evitar que os escravos - que ingeriam muitas mangas - tomassem o leite produzido na propriedade. Desse modo, sobrava mais para vender. A história foi passada por várias gerações. E há quem acredite nela até hoje.

 

FICAR MUITO TEMPO em frente à TV ou ao computador faz mal, pois causa desconforto nos olhos. Repare que quando a gente presta atenção em uma imagem quase nem piscamos. Isso diminui a produção de lágrima - que serve para manter os olhos limpos e protegê-los contra micro-organismos e poeira -, causando incomodo e irritação. É importante fazer pausa a cada duas horas de permanência diante da tela. O ideal é que durante o intervalo observe coisas distantes (como a paisagem do lado de fora da janela); desse modo, os olhos conseguem relaxar. Khadija Heleno, 10 anos, de Mauá, sabe a importância dos cuidados. "Precisa ter um descanso para não prejudicar nossa visão."

 

CHICLETE não gruda no estômago, mas nem por isso deve ser engolido. É substância elástica e artificial que pode demorar mais para fazer a digestão. Pedro Neves, 9 anos, de São Bernardo, já engoliu três vezes. "Mas nunca aconteceu nada", diz. O órgão tem camada de muco nas paredes que o protege. O problema é que ao mascar a goma em excesso, vamos produzir muita saliva e engolir bastante ar; isso pode provocar mal-estar e dores na barriga. A unha roída também não fura o estômago, pois o órgão consegue digerir os pedacinhos. No entanto, não é bacana ingeri-la ou colocar a mão na boca, pois podemos ficar doentes. Rafaela Domingues, 9, de Mauá, acredita que ao roer unhas, as bactérias entram com mais facilidade no corpo. É verdade, pois embaixo delas há sujeira e micro-organismos que não conseguimos ver.

 

Consultoria das psicólogas Denise Ramos, da PUC-SP, e Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da PUC-SP; Mônica Portella, autora do livro Como Identificar a Mentira; do professor de Dermatologia Marcos Martinez e da professora de Gastroenterologia Ethel Chehter, da Faculdade de Medicina do ABC; Paulo Henrique Morales, do Departamento de Oftalmologia da Unifesp; e Joab Trajano, do Instituto de Química da UFRJ.




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