O julgamento do Mensalão – esquema de corrupção no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – será retomado na quarta-feira, mas os eventuais reflexos negativos do processo não preocupam lideranças do petismo no Grande ABC ouvidas pelo Diário.

Para eles, não há perspectiva de reflexo negativo ao partido, mesmo às vésperas do processo eleitoral de 2014 e das manifestações pelas ruas do Brasil.

Após 53 plenárias, concluídas em dezembro, o STF (Supremo Tribunal Federal) passará a analisar os recursos apresentados por 25 réus condenados. A defesa deles questionará eventuais erros ou omissões no acórdão, pedindo absolvição ou redução das penas.

Coordenador político do PT no Grande ABC, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), avaliou que o partido continuará trabalhando para mostrar as contradições do julgamento. “Sobre o (ex-ministro) José Dirceu, por exemplo, não há nenhuma prova concreta contra ele no processo.”

No ano passado, o chefe do Executivo de São Bernardo criticou os ministros do STF pela condução do julgamento. “O Supremo está invertendo plenamente (o julgamento). Eu recomendaria que eles voltassem para faculdade para estudar Direito. Eles estão fazendo inversão do ônus da prova (termo jurídico utilizado para definir quem é a pessoa responsável por sustentar uma afirmação ou conceito)”, disparou Marinho, no auge do julgamento do Mensalão.

Para o coordenador da Macro PT ABC, Humberto Tobé, o PT já assimilou o resultado do Mensalão e não haverá repercussão negativa ao partido. “Essa situação já ocorreu e não há o que ficar relembrando. O PT já superou isso”, disse.

O presidente do PT de São Bernardo, Wanderley Salatiel, argumentou que o julgamento foi uma jogada política para desestabilizar a sigla. Ele afirmou não acreditar que o retorno midiático do caso vá trazer prejuízo à agremiação. “O partido está acostumado a lidar com a adversidade e vamos superar isso.”

Apesar do otimismo dos petistas, eventuais reflexos negativos para o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff causa preocupação na alta cúpula da legenda. Os caciques temem que o julgamento motive novas manifestações.