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Famílias reocupam favela da Gamboa
Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
11/07/2012 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


A lentidão para que seja concluído processo de remoção das famílias da favela da Gamboa, no bairro Paraíso, em Santo André, já desanima a população local e atrai novos moradores para a área. A meta era que a desapropriação fosse concluída até o fim do ano. No entanto, das 585 famílias contabilizadas em cadastro da administração municipal, apenas 250 haviam deixado o núcleo até o fim do ano passado.

Os terrenos desocupados ainda estão tomados por entulho e lixo, e o clima entre os moradores que ficaram é de incerteza. A Prefeitura diz que mantém a sujeira para evitar construção de moradias nessas áreas. "Da mesma forma que já saiu, também entrou bastante gente aqui", comenta a dona de casa Maria Gomes, 50 anos, na Gamboa há 12 anos. Para ela, enquanto não forem removidos todos os moradores do espaço, haverá ocupações. Geralmente, as famílias que chegam constroem suas residências em áreas desocupadas por entre os barracos ou compram casas daqueles que se desfazem do imóvel.

"Todo dia chega uma família nova. Daqui a pouco isso aqui está cheio de novo", destaca a dona de casa Laiane Santana, 20, que mora no local há mais de 10 anos.

Há oito meses, a família da agente de utilidade pública Daniela Martins, 32, comprou barraco na Gamboa por R$ 8 mil para fugir do aluguel. "Não tinha mais condição de pagar casa, água e luz", destaca. A ideia é conseguir inclusão no cadastro habitacional da Prefeitura e ser beneficiada por algum programa de moradia popular. Mesmo que isso não ocorra, o período em que viveu na favela terá servido para para juntar dinheiro e conseguir comprar outro imóvel para as oito pessoas que moram com ela.

Por ser considerada de risco - está sob rede de transmissão de alta tensão -, a favela não pode ser urbanizada. Os moradores serão encaminhados para casas que estão sendo erguidas no Conjunto Alzira Franco 2, contratadas com verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - R$ 31 milhões, sendo R$ 6,3 milhões de contrapartida da Prefeitura -, que também contempla os removidos da favela Capuava Unida. Foram entregues 204 das 890 unidades previstas para serem concluídas até o fim do ano. A promessa é inaugurar outras 157 moradias no local até dezembro. Outras 284 estão em fase de construção.

A demora na conclusão das obras no Alzira Franco deixa moradores de mãos atadas. Eles evitam fazer melhorias nos imóveis e são obrigados a viver em local inapropriado. "A gente não investe e acaba morando em espaço mofado e com bolor", comenta a estudante Karina da Silva, 18.

A novela da remoção é antiga - se arrasta desde 1998 e teve seus primeiros capítulos entre 1989 e 1992, quando parte da comunidade foi atendida por projeto habitacional que não vingou por inteiro. Assim, a área que havia sido abandonada foi reocupada.




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