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Gravura na região: 30 anos de história
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
11/10/2005 | 08:35
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Aberta na sexta-feira, a mostra Percurso da Gravura no ABC apresenta em 27 obras um breve retrato do movimento gravurista da região em seu período mais fértil. Durante este mês, a mostra está no saguão da Fundação das Artes de São Caetano, um dos oito endereços na região e em São Paulo por onde se estende a 3ª Bienal de Gravura de Santo André, o mais importante evento do gênero no Brasil. Até segunda-feira, a montagem estava incompleta, com previsão de ser concluída pela curadoria – etiquetas de identificação das obras, acertar a iluminação e o display de apresentação – ainda segunda-feira.

As gravuras selecionadas pelo curador Odino Pizzingrilli, convidado pela curadora geral Paula Caetano, representam um recorte dos períodos mais importantes pelos quais a gravura passou nestas três décadas, do apogeu nos 1970 e 1980 e o desaquecimento nos anos 1990, com a saída de alguns ateliês, à retomada nos últimos anos. A mostra não representa a totalidade da produção desses últimos 30 anos, mas destaca a presença na região de nomes importantes que influenciaram o movimento gravurista.

Hans Grudzinski (1921-1986) foi fundamental. Iugoslavo radicado em Mauá desde 1947, suas gravuras em metal representam uma importante parcela da produção nacional nesta técnica. Três delas estão na mostra na Fundação. Traços geométricos de uma cidade iluminada se abrem a figuras humanas representadas como sombras em São Paulo. Esta sombria e expressionista representação da metrópole se opõe ao tema Sol Maior e Ilhas, que sugere um refúgio daquele pesadelo urbano, mas seu próprio contraste sombrio indica algo distante de um paraíso. Máquina Flor e Gente, de 1968, remete a uma época em que o poder da flor não impedia tanques militares de esmagar primaveras no leste europeu.

Nos anos 1970 vieram os salões de arte contemporânea e mais artistas constituíram seus ateliês no Grande ABC. A produção ganhou corpo, prolongando-se até a década seguinte. Antonio Victor, em Diadema, e Odair Magalhães (1950-1991), que foi professor de gravura e cerâmica das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila de Santo André, são dois expoentes deste período. A mostra destaca, de Victor, seus estudos de formas, objetos e peixes em 1975, e do segundo, o contraste luz e sombra em gravuras dos anos 1980, representando cavalos e figuras semelhantes às encontradas em cerâmica grega antiga.

Nos anos 1990, alguns ateliês deixaram a região. Mario Butti mudou-se para São Paulo, Paulo Menten foi para o Paraná e Maria Irene Ribeiro voltou para Portugal, sua terra natal. Em Menten, a figura humana em água-forte, água-tinta e buril é o motivo principal, seja em convivência com o viés negativo da urbanidade seja em primeiro plano como estudo de formas. As paisagens de Irene, por sua vez, escondem histórias por descobrir, com elementos inseridos que aparentemente não deveriam estar ali – uma mesquita morro acima diante de um cais em ruínas, por exemplo. A partir de 2000, estão representados na mostra Valdo Rechelo e Edson Lourenço.

Percurso da Gravura no ABC – Mostra integrante da 3ª Bienal de Gravura de Santo André. Na Fundação das Artes – r. Visconde de Inhaúma, 730, São Caetano. Tel.: 4238-3030. De segunda a sexta, das 9h às 21h; sábado das 9h às 17h. Entrada franca. Até 31 deste mês.




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