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Paixão por conduzir pessoas

Fã do Diário, família Sofio comemora 64 anos de história da Transportes Coletivos Parque das Nações

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
01/08/2020 | 00:01
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Uma paixão passada de pai para filhos. Essencialmente familiar, a empresa Transportes Coletivos Parque das Nações, de Santo André, completa hoje 64 anos de fundação. Sob a direção de Carlos José Sofio, que também festeja seu aniversário amanhã, 74 anos, a companhia mantém suas tradições e essência, a começar por se manter no mesmo endereço até hoje, na conhecida Praça Chile; as cores vermelha e amarela no portão da garagem e ao preservar no estacionamento uma jabuticabeira, que tem aos menos 40 anos.

Nascido e criado em Santo André, Sofio conta que essa foi uma das primeiras empresas do setor a surgir no município, quando o Parque das Nações ainda era chamado de bairro Peruche. “Me lembro ainda moleque, com 10 anos, vindo com meu pai à garagem. Como era algo bem familiar mesmo, ajudava minha mãe a fazer o recebimento de férias dos funcionários e fornecíamos o tíquete, vale de hoje, dos funcionários. Em outros momentos, aprontava muito, como qualquer garoto. Mas me vi crescer em meio a este negócio desde muito cedo.” A empresa foi criada pelo seu pai e pelo seu tio. “Teve uma fase que meu pai vendeu. Depois, quando comprou novamente, ganhamos um sócio, Antonio Leça Pauleiro Júnior. Hoje, seu filho, Valdir Leça Pauleiro, é meu sócio”, explica.

O empresário passou por todos os setores, desde o escritório e o almoxarifado até a administração. “No alto dos meus 24 anos assumi a empresa, no momento em que meu pai havia adoecido e me perguntado se eu gostaria de tomar a frente.” Antes de assumir a companhia e de estar efetivamente à frente do negócio, Sofio se aventurou por outros setores, como o do ramo da construção civil, com loja e levantamento de empreendimentos. “Vendi o que eu tinha e comprei a parte do meu pai.”

Antes de assumir o principal negócio da família, Sofio passou pelas empresas de transporte Viação Humaitá, Viação Ferraz de Vasconcelos e Viação Itaquera como sócio do seu tio. “Sempre trabalhei, desde muito cedo e isso não faz mal. Pelo contrário. Além disso, durante este processo sempre estudei, me formei na Faculdade de Direito, em Mogi das Cruzes, ía e voltava de madrugada. E não tinha choro, não”, brinca.

Ao longo dos anos a família comprou e vendeu algumas empresas bastante conhecidas, como São Camilo, Santa Rita, Viação Alpina, Utinga, Viação Humaitá, Andreense, Santa Amélia e Progresso. “Mas a Parque das Nações foi a que ficou, a que nasceu com a gente. E no meio disso tudo, fiz o mesmo com meu filho (Dennis Lessa Sofio, 42 anos), a quem ensino. Ele trabalha comigo desde os 14 anos. A vida se repete.”

PRESENTE
Além da infância vivenciada entre os ônibus da garagem, o Diário faz parte das recordações da vida de Sofio. “Se não me engano, meu pai foi um dos primeiros assinantes do jornal. Afinal, o Diário ‘nasceu’ dois anos depois da nossa empresa”, brinca. Segundo ele, quando o jornal surgiu, havia um posto de gasolina logo na frente da empresa jornalística, que fica na Rua Catequese, 562, no bairro Jardim.

“O prédio do Diário ficava mais recuado da calçada, havia gramado na frente. E do outro lado, o posto de um amigo. Quando saíamos à noite, sempre nos encontrávamos ali. Não sei quantas vezes ficávamos conversando ali. Até há pouco tempo tinha aquelas fotos antigas tipo ‘minibinóculo’ da gente na frente do jornal.”

O hábito da leitura nunca mais se perdeu. “Vejo o Diário todos os dias. É o único que leio. Gosto do que é tradicional, não tenho costume de buscar informações pelo celular.” Entre os cadernos, o que ele mais aprecia é o Setecidades. “O Diário faz parte da minha mesa todos os dias”, finaliza.

‘Amarelinho’ atravessa gerações e faz história

Na garagem da empresa Transportes Coletivos Parque das Nações, o ônibus mais antigo ganha destaque, todo em amarelo e vermelho. “Somos de uma família italiana, meus avós vieram de lá e um dos sócios é de descendência portuguesa, por isso das cores. E, naquela época, quando o ônibus chegava no ponto diziam: ‘O amarelinho chegou’”, conta Carlos José Sofio, proprietário da companhia. Ao longo dos anos as cores foram mudando a fim de unificar o transporte da cidade.

A relíquia está em processo para receber a placa preta, utilizada nos carros de colecionadores. “Faz parte da nossa história.” O veículo, também conhecido por todos na garagem como ‘vovô’, teve uma bela missão nos últimos anos, o de levar a mulher de seu filho, Dennis Lessa Sofio, Mônica, à igreja no dia do casamento. “Fiz questão. Sou apaixonado por ele e adoro dirigi-lo. Os padrinhos também foram transportados por ele e foi inesquecível. Nos divertimos muito”, conta Dennis.

PANDEMIA
O setor de transporte público foi bastante afetado desde o início da quarentena por causa do isolamento físico devido à pandemia do novo coronavírus. Atualmente, o número de usuários representa 20% do que a empresa transportava até 16 de março. Exemplificando, se antes a empresa levava 9.000 usuários por dia, hoje não chega a 2.000. “Antes mesmo da pandemia, o nosso setor já havia perdido usuários devido à concorrência dos aplicativos (exemplos como Uber e 99 Táxi). A questão da pandemia intensificou tudo isso. Lidar com o cenário atual não é um desafio, é o verdadeiro caos. Neste período, utilizamos todas as ferramentas oferecidas pelo governo (federal), como suspensão de contrato, reduções de jornada e salário, a fim de manter nosso quadro de funcionários”, afirma Dennis.

Do total de 50 colaboradores, antes das medidas tomadas pelos governos estadual e municipal, apenas um foi desligado. “Temos compromisso com estas pessoas e suas famílias. Sabemos que demiti-los não era o caminho, devido aos problemas sociais que seriam gerados”. Hoje a frota soma 20 ônibus, entre linhas municipais (que vão até o Centro de Santo André) e intermunicipais (indo até a Zona Leste da Capital).

Ainda de acordo com Sofio, administrar empresa de ônibus é sinônimo de teimosia. “2020 acabou. Penso que em 2021 teremos que nos reestruturar, afinal, mesmo sem a pandemia, para os próximos cinco anos acredito que apenas 30% dos nossos usuários continuarão a utilizar este meio de transporte. As linhas de ônibus servirão como espécie de ramal, apenas um alimentador dos sistemas metroviário e ferroviário, principalmente.” Para pai e filho, se até dezembro eles retomarem 70% do fluxo de usuários, é sinônimo de “muita sorte”.  




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