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Construção civil segue cronograma de obras no Grande ABC

Para entidades representantes dos trabalhadores, construtoras devem deixar operários de canteiros em casa

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
24/03/2020 | 00:03
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Apesar de os canteiros de obras das construtoras seguirem em pleno funcionamento no Grande ABC, os sindicatos dos trabalhadores defendem a paralisação temporária para evitar o contágio pela Covid-19. As empresas afirmam que adotaram medidas de garantia de segurança dos operários, e que a continuidade é uma questão socioeconômica.

A Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradores do Grande ABC) informou que nenhuma das associadas interrompeu os serviços. Em nota divulgada, a entidade orienta as empresas a manter o máximo de colaboradores possível em home office, fechar os estandes de vendas – mantendo apenas o serviço on-line – e, de “acordo com o entendimento das entidades de São Paulo, a instrução é não paralisar as obras”. Neste caso, as empresas devem tomar cuidados com transporte, refeitórios e disponibilizar álcool gel.

Os cuidados são importantes para manter a produção, o que vai fazer a diferença neste período em que esperamos esta crise passar e também a manutenção de empregos. A posição da entidade é que estamos seguindo o que o governo está determinando. Se mandar parar, nós vamos cumprir”, afirmou o presidente da associação, Milton Bigucci Júnior, destacando que os funcionários com mais de 60 anos e que estão no grupo de risco foram liberados.

A diretora regional do SindusCon-SP (Sindicato da Construção Civil) Rosana Carnevalli afirmou que são cerca de 30 mil trabalhadores formais do setor no Grande ABC. Ela reiterou que o diálogo com os sindicatos é mantido. “Estamos fazendo um trabalho em conjunto, e a primeira medida é tomar os cuidados na obra, inclusive com relação ao distanciamento entre os trabalhadores. Porém, todos foram pegos de surpresa e o setor, em geral, que passou recentemente pela crise de 2014, não tem caixa para uma situação a longo prazo.”

Em contrapartida, os sindicatos que representam os trabalhadores entendem que a melhor medida no momento é manter todos em casa. Segundo o presidente do ConstruMob (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário em Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), Luiz Carlos Biazi, a entidade está fazendo convite “amigável” à paralisação. “Em muitas obras não se encontra álcool gel e há condições muito precárias”, comentou. “Estamos fazendo vistoria em todas as empresas e se isso continuar vamos paralisar”, afirmou.

“A orientação é deixar todo mundo em casa, então estamos monitorando isso com as empresas, mas a gente entende que é o que devia acontecer”, disse o presidente do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário) de São Bernardo e Diadema, Admilson Lúcio da Silva.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Caetano, Edison Luiz Bernardes, endossou o entendimento dos colegas. “É um setor que preocupa bastante quando a economia começa a ir mal. Mas as empresas já venderam boa parte das unidades, nenhuma começa a construir sem ter essa segurança”, disse.

Vendedor denuncia más condições em concessionárias da JAC Motors

Vendedor de concessionária da JAC Motors, que tem unidade na região, afirma que a direção regional da empresa no Estado de São Paulo estaria obrigando os funcionários a irem trabalhar presencialmente nas lojas, mesmo que a loja não esteja recebendo público desde a última semana. Segundo a denúncia do funcionário, que pediu para não ser identificado, a determinação expõe a saúde dos colaboradores, uma vez que não estaria oferecendo itens básicos de prevenção ao coronavírus, como álcool gel e máscaras.

“A diretoria insiste que a atual crise pandêmica não é grave e que, em São Paulo, está tudo funcionando normalmente, além de insistir que os vendedores visitem clientes em potencial em suas casas para fazer a demonstração dos veículos”, relatou. “Eles usam dados sem fonte para exemplificar que a China não parou durante a crise da Covid-19 e (chineses) continuaram batendo metas de vendas.”

Diretor do Sindicato dos Comerciários do Grande ABC, Jonas José dos Santos afirmou que a denúncia não chegou ao sindicato. “Se isso está acontecendo, é preciso denunciar para que possamos tomar todas as providências jurídicas, pois sabemos quais são as orientações sanitárias e, agora, temos o decreto estadual, em que as concessionárias não devem funcionar.”

Em nota, a JAC Motors garantiu que está ciente da necessidade de prover artigos de higiene que impeçam a contaminação. “Estamos perplexos com essa acusação, à medida que indistintamente todos os nossos carros de test drive possuem álcool gel e plastificador de volante de direção e pomo de alavanca de câmbio. O cliente dirige o carro sozinho.”

Móveis Bartira, em São Caetano, suspende produção a partir de hoje

A indústria de móveis Bartira, localizada em São Caetano, anunciou a suspensão da produção a partir de hoje. A empresa alegou preocupação com o avanço no número de casos do coronavírus para interromper o trabalho.

“A empresa está atenta ao tema e constantemente avaliando a situação, bem como seguindo as recomendações das autoridades, para passar aos seus colaboradores as novas recomendações de trabalho”, informou, em nota, mas sem dar maiores detalhes.<EM>

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Caetano, que também representa os da indústria mobiliária, Edison Bernardes, disse que aproximadamente 1.400 funcionários devem ficar em casa por tempo indeterminado, e que o mecanismo trabalhista ainda não foi definido. “A partir de agora vamos conversar com a empresa para ver se este período será o adiantamento de férias ou banco de horas”, disse ele, destacando que no próximo quinto dia útil o salário deverá ser depositado normalmente.

Nas demais cidades do Grande ABC, a indústria moveleira também toma providências. O presidente do ConstruMob (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário em Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), Luiz Carlos Biazi, disse que nestes municípios já foram dadas férias coletivas.

“Temos empresas com poucos funcionários, cerca de dez. Elas estão se organizando para manter menor concentração de pessoas”, contou o presidente do Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário) de São Bernardo e Diadema, Admilson Lúcio da Silva. 




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