O pagamento do 13° salário pelas empresas e também pela Previdência Social vai injetar R$ 1,78 bilhão na economia do Grande ABC neste fim de ano, 6,5% a mais que em 2009, segundo estudo da subseção Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Econômicos, Sociais e Estatísticos) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Desse total, R$ 1,3 bilhão será pago aos 781,2 mil trabalhadores formais e R$ 416 milhões serão repassados aos 428,8 mil aposentados.

Na comparação com 2009, o aumento de 6,5% representa crescimento real na massa de salários de 1,2% e, de acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC, Sérgio Nobre, mostra a força e a importância das negociações das categorias no aumento dos rendimentos.

"Nossa campanha salarial tem capacidade de induzir a economia da região e mostra que a renda é investimento e não custo a ser reduzido. Quanto mais se aumenta a massa salarial, mais cresce o consumo", argumenta.

Os metalúrgicos defendidos pela entidade - que representa hoje 102,8 mil trabalhadores - devem injetar sozinhos R$ 355,3 milhões na economia regional, quase metade do valor representado pela indústria, que terá R$ 657 milhões pagos pelo benefício.

Para Nobre, os trabalhadores devem, além de pagar dívidas e gastar no varejo, deixar parte do montante como investimento para utilizar no mercado em 2011, o que estimula a continuidade do crescimento. "Dá para (a indústria) crescer mais. Nos Estados Unidos, por exemplo, hoje existe um carro para cada habitante. No Brasil é um para cada sete. Nossa projeção para o ano que vem também é boa."

Com 22,5% do valor que será pago pelo 13º, o setor de serviços também está otimista. Para o presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), Wilson Bianchi, a região tem crescido e aumentado o interesse de comerciantes em trazer suas redes para cá. "A Figueiras tinha 30 casas abertas há cinco anos, hoje tem 200, trabalhando dia e noite. Neste momento, chegam empresários mais preparados, que investe e contrata com carteira assinada."

Já os aposentados, que contribuem com 23,4% da renda que chegará ao Grande ABC ou R$ 429 milhões, defendem que o valor poderia ser ainda maior, caso governantes revisassem a defasagem do setor. "A região tem muitas pessoas que saíram da indústria automobilística e autopeças e que se aposentaram com teto de dez salários-mínimos. Hoje isso não existe mais", diz Benendito Marcílio, diretor da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC.

O comércio receberá 8,4% do valor total; a administração pública 5,9% e a construção civil 2,8%. O valor total pago pelo 13º no Grande ABC, representa 1,7% do total pago no Brasil e 10% do montante do Estado.

Bônus garante melhor Natal da década para o varejo
O investimento dos R$ 1,78 bilhão na economia regional no pagamento do 13º salário garante sorriso fácil no rosto dos varejistas do Grande ABC. O setor regional prevê crescimento de 10% nas vendas.

"O fim desse ano será saudável economicamente. Teremos boa oferta de vagas e volume de pagamento importante, que permitirá consumo maior", destaca o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Sidnei Muneratti.

Para Valter Moura, presidente da Acisbec (Associação Comercial e empresarial de são Bernardo), boa parte do montante recebido irá para o consumo de produtos ligados ao Natal. "Isso é regra. As pessoas dividem o valor entre as festas e a viagem com a família."

Para o presidente do Sehal, Wilson Bianchi, o movimento nos restaurantes da região será 100% maior graças ao bônus. "Esse fim de ano será ótimo para o setor", conclui.