Os delegados que participam da conferência em Bonn (Alemanha) sobre o futuro do Afeganistão chegaram nesta segunda-feira a um acordo sobre a transição política no país, revelou na madrugada desta terça-feira (local, noite de segunda no Brasil) Ahmad Fawzi, porta-voz do representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Afeganistão, Lajdar Brahimi.

Os moldes do governo transitório foram definidos, mas não há consenso sobre os nomes dos governantes. A autoridade interina terá um presidente, cinco vice-presidentes e outros 23 membros. A ONU apresentará nesta terça-feira às delegações uma lista com os nomes dos possíveis administradores. A relação é baseada nos candidatos propostos pelas quatro delegações afegãs e foi fechada com a apresentação dos nomes da Frente Unida (Aliança do Norte).

A Aliança do Norte abriu mão de presidir a autoridade transitória e reivindicou o Ministério da Defesa, "para evitar a anarquia no país". A Aliança recomendou o monarquista pushtu Hamid Karzai para o posto.

Segundo uma fonte da milícia contou à Agência France Presse, Karzai é uma personalidade idônea e está apto a presidir a autoridade interina por ser da etnia pashtu, majoritária no Afeganistão, e por ter lutado contra a ocupação soviética (1979-1989).

O nome recomendado pelo grupo de Roma, que engloba os partidários do rei Zahir Sha, é Abdul Sattar Sirat, principal assessor do monarca deposto em 1973 e exilado na Itália. A mesma fonte diplomática da AFP que antecipou o favorito do grupo de Roma disse ainda que Zahir Sha rejeita qualquer possibilidade de ocupar a presidência da autoridade interina.

Pelo proposto no texto final, Zahir Sha terá papel simbólico na transição pós-Talibã. Ele vai inaugurar a "loya jirga" (assembléia tradicional do povo afegão), que será organizada por uma comissão independente de 21 membros.

A autoridade interina vai governar o Afeganistão por seis meses, até que a "loya jirga" nomeie o governo de transição que valerá até a eleição de um governo totalmente representativo.

O texto final da conferência prevê o pedido ao Conselho de Segurança da ONU para que uma força de paz seja enviada à região de Kabul (capital) para participar da manutenção da segurança. Os participantes da conferência se comprometem a retirar todas as suas unidades militares de Kabul e de outras regiões onde houver a presença das forças da ONU".