Memória Titulo
O sertanismo nos primórdios paulistas

Da coleção História Geral do Estado de São Paulo, apresentamos o volume 1...

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
06/03/2012 | 00:00
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Da coleção História Geral do Estado de São Paulo (IOE, Poiesis, 2011, mas lançada no mês passado), apresentamos o volume 1, que cobre os séculos 16 e 17 e leva a assinatura do historiador José Jobson de Andrade Arruda. Dos cinco volumes, é o mais denso, até pela cobertura de dois séculos. E traz uma bibliografia muito rica de autores e fontes primárias que orientam o leitor a se debruçar numa documentação que pode oferecer subsídios específicos sobre as várias regiões paulistas.

Claro, o território do Grande ABC está presente, pela Vila de Santo André da Borda do Campo e pela muralha que a separa do Litoral. Destacamos alguns desses pontos ligados à nossa região.

"No alto da serra, já havia uma povoação estreitamente ligada ao comércio de escravos indígenas praticado no Litoral. Era Santo André da Borda do Campo, provavelmente situada nas proximidades da atual São Bernardo do Campo, considerada por alguns historiadores, como o primeiro marco da conquista territorial do Brasil" (p. 47).
"(Tomé de Souza, governador-geral) determinou, incontinente, que ‘o pelourinho, insígnia, ofícios públicos e moradores da dita Vila de S. André se mudassem para a nova povoação de S. Paulo de Piratininga'" (p. 70, citando o historiador e frei Gaspar da Madre de Deus).

"Ele (João Ramalho) penetrou tão fundo na cultura nativa que ‘indianizou-se, americanizou-se, abrasileirou-se'. Com ele, inicia-se o longo processo de ‘diferenciação entre a Colônia e a Metrópole'" (p. 81, citando Jaime Cortesão, que na década de 1950 escreveu pelo menos dois livros importantes sobre o período investigado).

O livro de José Jobson de Andrade Arruda caracteriza-se, também, por abordar o que chama de fenômeno do sertanismo. E relaciona palavras utilizadas em inventários de então: armação, entrada, jornada, viagem, companhia, descobrimento, frota. As gentes da cidade de Santo André passam a compreender o porquê dos nossos antepassados terem escolhido palavras como bandeiras, monções e catequese para denominar ruas do bairro Jardim, aberto nos anos 1920.

No capítulo 8 (O povoamento e a vida econômica), José Jobson de Andrade Arruda se preocupa em relacionar as vilas nascidas nos dois séculos estudados, sementes de municípios importantes de hoje.

São do século 16: São Vicente (1532), Vila Porto de Santos (1545), Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém (1561), Nossa Senhora das Neves de Iguape (1577), São João Batista de Cananeia (1600), além de São Paulo de Piratininga (1560) e o povoado de Paranaguá.

Duas observações: nesta lista, o autor não cita Santo André da Borda do Campo (por ter sido extinta) e prefere o 1560 ao citar São Paulo, e não 1554. É compreensível. São Paulo robustece-se em 1560, quando os moradores de Santo André da Borda do Campo para ali são transferidos.

Já no século 17 inicia-se a interiorização paulista, com a formação de localidades como Santana de Mojimirim - Mogi das Cruzes (1611), Santana do Parnaíba (1625) e São Francisco das Chagas de Taubaté (1645), que são as mais antigas do período. Uma boa pauta aqui para Memória quando das datas que celebram as nossas cidades.

AMANHÃ: O século 18, do volume 2 da coleção, assinado por Francisco Vidal Luna.

CRÔNICA DO BAIRRO DOS FINCO
Depoimento: Augusta Bisognini Brentegani

Aqui no bairro se plantava milho, café e batata. Por isso que se fala que o povo de São Bernardo é batateiro.

Ah, tenho os meus parentes lá no bairro Assunção, são todos batateiros. Mas por que batateiro? Porque eles plantam muita batata.

Pêras. Nossa! Eram: pêra maçã, pêra do inverno, que é outro tipo, mais verde. Pêras de vários tipos.
Nossa mãe ordenava: "Meninas, vamos levantar cedo e ir ao campo juntar todas as pêras que estão no chão".
Enchiam baldes de pêras para a alimentação das vacas, nas cocheiras. As vacas comiam, e como comiam. Quanta pêra...

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Sábado, 6 de março de 1982
MANCHETE - PM recolhe menor faminto no Cear de Vila Guarani. Cear (Centro Esportivo, Assistencial e Recreativo), hoje absorvido pelas Emebs.
MOVIMENTO SINDICAL - Brastemp e Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema reiniciam negociações.
- Salários de abril vão ter reajuste de 39,3%.
EDITORIAL - Impasse na Brastemp é mais um teste.
RIO GRANDE DA SERRA - Em pauta o I Seminário Estadual dos Estudantes Secundaristas.
RIBEIRÃO PIRES - Começam os festejos dos 28 anos de emancipação.
SÃO CAETANO - Banda Nascente inicia mostra.

EM 6 DE MARÇO DE...
1967 - Associação Comercial e Industrial de Santo André (Acisa) lança protesto contra o aumento das alíquotas do ICM de 15% para 19,4%.

TRABALHADORES
181 - Elidio José de Godoy, 36 anos. Natural de Socorro (SP). Operário da Rhodia. Residia Distrito Federal, 264.
182 - Fernanda Pinon, 46 anos. Natural de Ribeirão Pires. Operária da Atlantis. Residia à Avenida Pereira Barreto.
183 - Etelvina dos Santos, 35. Natural de Bebedouro (SP). Operária da Atlantis. Residia à Rua Juliana, 90.
Fonte: 2º livro geral de registro de associados do Sindicato dos Químicos do ABC. Ano: 1957. Presidente: Trajano José das Neves.

SANTOS DO DIA
Marciano, Cônon, Olegário e Rosa de Viterbo.
Fonte: Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, Vozes, 2012.
Na foto, Menino Jesus. Origem desconhecida. Século 18. Madeira policromada. Veludo agaloado de prata e renda. Mão direita levantada com gesto de abençoar.
FONTES: Museu de Arte Sacra de São Paulo; Andréa Maria Zabrieszach Afonso dos Santos, museóloga; foto: Iran Monteiro. Contatos: 3326-1373; 5393-3336; mas@museuartesacra.sp.gov.br.

ERMELINDA RODRIGUES BECCHERI
(Santo André 7-7-1923 - 1-3-2012)

A jovem Ermelinda seguiu o exemplo do pai e trabalhou na Kowarick, indústria de casimiras pioneira de Santo André. Ela e suas irmãs. Naquele tempo - primeira metade do século passado - as maiores indústrias da cidade davam preferência aos parentes dos trabalhadores e se constituíam em verdadeiras empresas familiares.

Antonio Rodrigues e Maria da Piedade, pais de Ermelinda, vieram de Portugal e tiveram nove filhos. Ermelinda aqui se criou e casou-se com um homem de negócios, Orlando Beccheri, um dos precursores do sistema de transporte entre Santo André e São Paulo, os chamados Expressinhos.

"Ela era uma pessoa boa e calma, e passou a ficar triste quando perdeu uma filha", conta a filha Cleonice Beccheri Cruz.

Eram em duas irmãs, Cleonice e Nadir. Dona Ermelinda partiu aos 88 anos. Era viúva - Sr. Orlando faleceu com 52 anos de idade. Deixa a filha Cleonice, os genros Rui Jorge Cruz e Brivio Perin, os netos Kátia, Edílson, Rui e Ricardo e cinco bisnetas. A missa de 7º dia será celebrada amanhã, quarta-feira, às 19h, na Matriz de Santo André.

FALECIMENTOS

SANTO ANDRÉ
Adelar Mendes Campos, 64. Natural de Frei Inocêncio (MG). Dia 4, em São Bernardo. Cemitério Curuçá.

SÃO BERNARDO
Armando Poletto, 87. Natural de São Paulo (SP). Dia 3. Crematório de Vila Alpina.
Teruhisa Ohira, 79. Natural do Japão. Dia 4. Jardim da Colina.
Maria de Lourdes de Lira, 81. Natural de Santa Cruz (RJ). Dia 2. Cemitério da Paulicéia.
José de Souza Pena, 79. Natural de São Bento do Sapucau (SP). Dia 3. Cemitério do Baeta.
Lourival Silvestre Montibeler, 75. Natural de Birigui (SP). Dia 2. Jd.da Colina.

DIADEMA
Geracino Gomes de Souza, 88. Natural de Sobrália (MG). Dia 2, em São Bernardo. Cemitério Municipal.

SÃO CAETANO
(Cemitério da Saudade, bairro Cerâmica).
Helia Trigo Moraleda, 91. Natural de Guararema (SP). Dia 4.
Helena Varga, 89. Natural da Hungria. Dia 3.
Josefa Pedrosa Bella, 78. Natural da Espanha. Dia 3.
Maria José da Silva, 76. Natural de Riacho das Almas (PE). Dia 4

Serviços Funerários: Santo André - 4433-3544; São Bernardo - 4330-4527; Diadema - 4056-1045; Mauá - 4514-7399; Ribeirão Pires - 4828-1436; Rio Grande da Serra - 4820-4353.

Para anunciar um falecimento, ligue para 4435-8000.




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