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Automóveis: Paraguai e Uruguai querem mercado
Lana Pinheiro
Enviada a Punta Del Este
12/08/2006 | 08:24
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Paraguai e Uruguai querem participar com pelo menos 1% da indústria automotiva do Mercosul. Essa foi a principal reivindicação dos dois menores sócios do bloco econômico aos representantes das montadoras e indústrias de autopeças do Brasil e Argentina em congresso realizado ontem em Punta Del Este (Uruguai). Para tanto, oferecem condições especiais para a instalação de unidades produtivas e estão dispostos a aumentar o diálogo com os seus sócios.

O pleito é justificável. Segundo estimativas da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de Componentes de Veículos Automotores), hoje o Mercosul é um mercado de produção de 3,1 milhões de automóveis, 4,4 milhões de unidades de capacidade produtiva e de US$ 35,5 bilhões de receita para a indústria de autopeças. A questão é que mais de 80% desse volume estão no Brasil e quase 20% na Argentina. Paraguai e Uruguai, juntos, não representam 1%.

Para Rogelio Golfarb, presidente da Anfavea, oportunidades de incrementar o fluxo com os sócios menores existem, mas não são conhecidas. Como exemplo, o dirigente, citou o couro para estofamento automotivo – uma das especialidades do Uruguai – mas, que o Brasil importa da África do Sul. “Temos outros casos como este que só recentemente tomamos conhecimento. Por isso, é imprescindível que os representantes da indústria sentem e discutam como fortalecer a região”.

Apesar dessas possibilidades de complementariedade, o Uruguai reclama das assimetrias na balança comercial. Segundo Roberto Alvarez, dirigente da Câmara de Autopartes local, as exportações do Brasil para lá somam mais de US$ 170 milhões enquanto as importações, US$ 8 milhões. Já a Argentina vende US$ 65 milhões ao sócio menor enquanto compra US$ 50 milhões. “Para termos um Mercosul forte precisamos de política que nos permita desenvolvimento sustentável de todos os países já que jamais os mercados serão igualitários”.

Com o Paraguai a situação se repete. As diferenças comerciais são grandes, mas existe um caminho para a adequação da indústria, diz Jhonny Velaszco, vice-ministro da indústria. Uma das saídas é o maior intercâmbio do setor de duas rodas, indústria que cresce em volumes exponenciais no Paraguai.

Para a consultora Letícia Costa da Booz-Allen & Hamilton, o Mercosul é “sim um mercado de extremo peso e importância no cenário internacional”, mas que para manter essa posição tem que trabalhar na integração, complementariedade e traçar um plano de longo prazo. “É imprescindível que os quatro mercados parem de competir para se complementar, ao mesmo tempo em que trabalhem em política industrial para a região, pois só assim serão capazes de competir por investimentos mundiais”.

Letícia fez questão de lembrar que a assinatura em 30 de junho do acordo que regerá o bloco pelos próximos dois anos foi importante, mas que um acordo transitório não traz a estabilidade que a região precisa. Além disso, dois importantes aspectos ficaram de fora: prazo para estabelecimento de livre comércio e regras comuns para a importação de autopeças de terceiros países. “Sem a equalização desses pontos, o bloco fica enfraquecido. Hoje nem a mão-de-obra da região tem custo competitivo. Há espaço para crescer, mas se o Mercosul não encontrar seu caminho continuará perdendo espaço para China e índia”.




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