Política Titulo Interferência
Com mãos de Marinho, ala do PT racha na Assembleia

São 14 deputados, sendo três desgarrados do grupo, como oposição; demais têm postura branda

Fábio Martins
Leandro Baldini
24/05/2015 | 07:12
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A bancada do PT na Assembleia Legislativa, composta por 14 deputados, rachou diante de acusações internas de oposição branda à gestão Geraldo Alckmin (PSDB). Com o imbróglio, três parlamentares (João Paulo Rillo, Professor Auriel e Carlos Neder) votam em separado, colocando-se em lados opostos, dissidentes do grupo. Informações dão conta da interferência do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), que teria interesse na postura frouxa. Isso porque a situação, em teoria, o favorece – cotado a ser o próximo postulante da sigla ao governo do Estado – ao não criar candidaturas opostas na disputa eleitoral de 2018.

O trio desgarrado já apontava adesão por outros quadros na concorrência interna, após o fiasco do ex-ministro Alexandre Padilha no páreo estadual. Rillo, por exemplo, era defensor do nome da senadora Marta Suplicy, que deixou o PT e está próxima do PSB. Neder, por sua vez, indicava ser favorável ao prefeito paulistano, Fernando Haddad. A atuação da ala petista tem fomentado críticas. De forma inusitada, o PT compõe a mesa diretora, presidida por Fernando Capez (PSDB), tendo posto de primeiro secretário, com Enio Tatto.

A despeito do cenário desalinhado, o secretário de Comunicação estadual do PT, Aparecido Luiz da Silva, admitiu a existência do problema na Casa, porém rejeitou direcionar qualquer culpa ao prefeito são-bernardense. Para o dirigente, a postura de Rillo tem sido preponderante na falta de sintonia entre os parlamentares.

“Há alguns impasses, mas nada que possamos classificar como grave. A postura do Rillo é que tem dificultado mais, muito em conta de ser mais personalista. Os outros dois (Auriel e Neder) acredito que com um pouco de diálogo possamos reintegrá-los”, frisou. Segundo Aparecido, o posicionamento pode ser considerado estratégico para eventual saída da legenda, citando Marta como exemplo. “O comportamento dele lembra muito o da Marta, de se vitimizar e se isolar, colocando a culpa em todos. Acredito que o diretório deva dar advertência para que possamos unificar a bancada”, considerou.

No pleito de 2014, Marinho deu apoio a três nomes da cidade para o Parlamento, que tiveram sucesso nas urnas: Ana do Carmo, Luiz Fernando Teixeira e Teonílio Barba – os dois últimos estreantes à vaga. Luiz Fernando e Luiz Turco, eleito com base em Santo André, apresentaram pontos de vista diferenciados em relação às divergências internas, somente convergindo na isenção a Marinho. Enquanto Luiz Fernando endossou ataques a Rillo, Turco garantiu “diferenças pontuais”.

“O PT hoje em nível nacional sofre com onda de ataques e que são acompanhados por críticas de pessoas oportunas. No meu entender, o Rillo tem feito isso, motivado, talvez, por desejo de sair, que tem criado clima ruim na bancada e porque reivindicava cargo na mesa diretora”, justificou Luiz Fernando, referindo-se ao cargo de Tatto.

“Pessoalmente conheço o Rillo e não acredito que esteja fazendo essa postura mais arredia para sair. É mais comportamento de ansiedade, que pode ser dialogado para ser fortalecido. Existe incômodo, mas sem interferência de ninguém e problemas extras”, afirmou Turco.

Procurada, Ana do Carmo alegou que não se manifestaria por entender que o problema deva ser tratado apenas internamente. Já Barba não foi localizado para comentar o assunto.




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