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Mãe perde filho e diz ter sido negligência

Bebê de Ana Paula Vaz, Miguel, de 10 dias, morreu no Hospital Santa Helena, em São Bernardo

Renato Cunha
Especial para o Diário
24/03/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


A corretora de imóveis Ana Paula Vaz, 27 anos, enterrou ontem seu terceiro filho, o pequeno Miguel, de apenas 10 dias. A dor da mãe é ainda maior porque ela garante que o bebê foi vítima de negligência por parte do grupo de Saúde particular Santa Helena.

Ana Paula deu à luz no dia 12. Miguel nasceu com desconforto respiratório e ficou internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital e Maternidade Santa Helena, em São Bernardo, por dois dias, seguindo para o berçário depois. De acordo com a mãe, ela e a criança receberam alta no mesmo dia. “Perguntei do problema que ele teve e disseram que foi apenas um desconforto respiratório”, explica.

Em casa, porém, Miguel apresentou outros sintomas. “No domingo (dia 15) percebi que ele tinha um ‘calombinho’ no braço e chorava sem parar. Levei no pronto-socorro do hospital, a médica examinou e disse estar tudo bem.”

Mas os problemas da criança não foram resolvidos. “Na quarta-feira (18) ele tinha consulta marcada na unidade do Ipiranguinha, em Santo André. Disse para a médica que ele estava meio amarelo. Ela falou que era normal e mandou dar banho de sol.”

No dia 19, apareceu uma bolha no joelho do menino e ele foi encaminhado para o ortopedista. “Ele deu um anti-inflamatório. Achei estranho porque na caixa do remédio dizia que não era indicado para menores de 6 meses.”

Ela conta que o desespero começou no dia 20. “Ele passou mal e fui para o hospital. Só tinha um médico de plantão. Minha mãe ficou desesperada e disse para uma atendente que o neto dela estava morrendo. A resposta foi a seguinte: ‘Tem que esperar. Se for para morrer, que morra.’”

Ela relata que as coisas foram piorando. “No sábado levei-o novamente ao hospital com muita falta de ar. As enfermeiras ficaram indignadas com o estado do bebê. Por fim, pediram a internação. A ambulância para transferi-lo para São Bernardo demorou duas horas e meia.”

Quando a criança chegou à unidade, a médica teria se assustado. “A doutora disse que era para ele estar internado desde segunda, e que deveria ter sido entubado durante a transferência”, diz.

Miguel morreu às 13h de domingo e foi sepultado ontem no Cemitério da Pauliceia, em São Bernardo. A mãe se emociona. “Lutei a semana inteira pela vida do meu filho e fizeram pouco-caso da situação.”

Procurado, o Grupo Santa Helena informou que a gravidez de Ana Paula era de alto risco. Porém, garante que, ao dar alta à criança, o estado de saúde dela era bom. Ainda conforme o hospital, o recém-nascido passou por consultas com pediatras e ortopedista e fez exames de laboratório com resultado de hemograma normal, sem anemia nem sinais de infecção. Ao dar entrada no hospital no sábado, porém, a criança apresentava quadro completamente diferente e teria sido transferida diretamente para a UTI. O grupo não se manifestou sobre a demora da ambulância e informou que, devido à súbita mudança do quadro clínico da criança, o caso foi encaminhado ao sistema de verificação de óbito.




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