1 - A Assembléia Legislativa de Brasília (que, na verdade, é uma Câmara de Vereadores com outro nome) elevou a verba de gabinete dos nobres parlamentares para R$ 99.800 mensais. É para pagar assessores, sabe? Suas excelências precisam! E Brasília, como Capital, pode gastar mais, imagina-se, do que qualquer outra assembléia do País - aliás, nenhuma é conhecida por ser econômica.

2 - Quem representará a Câmara Federal na posse de Barack Obama? Já foi decidido: uma delegação de deputados negros. É difícil imaginar um caso tão explícito de racismo: só se leva em conta, em Obama, a cor da pele. Mas esta é uma tradição brasileira. No governo de Jânio Quadros, há quase 50 anos, o Brasil escolheu um negro para adido cultural na Nigéria: o bicampeão olímpico de salto triplo, Ademar Ferreira da Silva. Uma pessoa magnífica, um atleta exemplar, mas que nada tinha a ver com a área cultural e diplomática.

3 - Sabe essa estranhíssima fusão da Brasil Telecom com a Oi, sacramentada com apoio do governo, embora sendo ilegal, e que, fechado o negócio, virou legal, já que a lei foi modificada pelo presidente Lula? Pois é: o valor total da fusão oscila em torno de R$ 13 bilhões. O governo brasileiro, que não participa diretamente da sociedade nem vai participar de seus eventuais lucros, é o principal financiador dos gastos necessários para formá-la: dos R$ 13 bilhões, quase R$ 7 bilhões saem do BNDES e Banco do Brasil, a prazos e juros camaradas. Eles mandam, eles ganham, eles enriquecem. E a gente participa pagando.

DESCANSANDO COM CHUVA

Cai o mundo em Santa Catarina: cidades inundadas, dezenas de mortos, e a chuva continua. O bom-tom determinaria que o presidente da República fosse visitar o Estado, garantindo, com sua presença, que tudo faria para minimizar prejuízos e sofrimentos. Só que nenhuma autoridade federal de primeiro escalão apareceu por lá. Ajuda federal também não houve: nem os batalhões de engenharia do Exército, competentíssimos, foram enviados. Santa Catarina que se vire.

SOCORRO PARA OS GRANDES

O governo federal liberou R$ 4 bilhões para ajudar a indústria automobilística; o governo paulista liberou mais R$ 4 bilhões com o mesmo objetivo. Tudo bom - mas quem vai ajudar os fornecedores de autopeças? Depois de dois meses com vendas fracas, as fábricas de automóveis estão com os pátios cheios e financiamento para vendê-los. Estão dando férias coletivas e vão parar por até dois meses. E os fornecedores, que produzem peças especialmente desenhadas para cada modelo, para quem vão vender? Como vão pagar seus empregados nestes dois meses em que as fábricas, com crédito e carros em estoque, estarão paradas?

LOS AMIGOS 1

Nessa disputa com o Equador, há duas questões que não podem ser esquecidas: primeiro, a ministra Dilma Rousseff garantiu que o BNDES tinha emprestado dinheiro à Odebrecht, e não aos equatorianos - o que era falso; segundo, o fiador do empréstimo do BNDES ao Equador é o Banco Central, o que significa que quem sofre o calote é o próprio Brasil. E qual a reação brasileira? Ameaça suspender projetos no Equador, "desde que não sejam projetos sociais"; ameaça também negar financiamento oficial à venda dos caças Supertucano da Embraer - que podem ser substituídos, por exemplo, por aviões russos. Aliás, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, deve estar na Venezuela exatamente agora.

 LOS AMIGOS 2

Medvedev deve chegar hoje a Caracas e assinar acordo para construir o primeiro reator nuclear venezuelano - "para fins pacíficos", como garante o presidente Hugo Chavez. Chavez já comprou dos russos 36 caças supersônicos Sukhoi, tanques e 100 mil fuzis AK-47 - também, certamente, para fins pacíficos.

DIGITAL COM TRAÇO

O presidente Lula assina depois de amanhã o acordo de transmissão digital das TVs federais. Com a nova tecnologia, imagem e som chegarão aos telespectadores com excelente qualidade, muito superior à atual. Só falta arranjar audiência (hoje, a TV Brasil dá traço no Ibope) para usufruir desta qualidade.