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Cinema jovem
Por Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
25/04/2010 | 07:01
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A arte do cinema é capaz de nos mostrar as mais diferentes e únicas realidades. Atualmente, um subgênero parece ter despontado na produção nacional. Produções que retratam o mundo adolescente recheiam a programação de diversas salas do Brasil e do Grande ABC.

Este mês trouxe três filmes que abordam o tema. Cada um apresenta histórias de locais e classes sociais distintas e trazem diferentes perspectivas, mas todos têm em comum atores jovens como suas estrelas.

Em Os Famosos os Duendes da Morte, de Esmir Filho, uma viagem constante entre o real e o fantasioso embalada por canções de Bob Dylan influenciam o cotidiano do menino sem nome e de sua nova amiga sem pernas.

As alegrias e tristezas da classe média alta de São Paulo são vividas pelo jovem Mano. Aos 15 anos, ele vê sua família desmoronar e precisa lidar com as complicações das adolescência em As Melhores Coisas do Mundo, com direção de Laís Bodanzky.

Uma comunidade do Rio de Janeiro é o cenário do cotidiano de Jéssica, Sabrina e Amanda em Sonhos Roubados, da cineasta Sandra Werneck. A dura realidade na periferia carioca faz com que encontrem na prostituição a melhor saída para os problemas financeiros.

"Não tinha essa percepção antes de que tantos filmes do gênero iriam chegar. Ainda é cedo para dizer que é uma fase do cinema nacional, mas as coincidências estão no ar e alguma coisa falou alto para todos", comenta Laís Bodanzky.

Mesmo sendo exagerado afirmar que o cinema brasileiro segue uma nova tendência, a utilização dos jovens como tema parece não ter uma explicação. Segundo Sandra Werneck, essa época dourada da vida começa a ser observada. "De alguma maneira houveram ideias sincronizadas nesse sentido. É a adolescência sendo vista", diz.

Não que antigas produções brasileiras já não tenham abordado esse universo, mas nunca se viu uma periodicidade tão grande. A diferença se mostra no fato de que não há mais uma visão estereotipada desse grupo. O objetivo é fazer com que o adolescente seja mostrado da forma mais fiel possível - positiva ou negativamente.

O ponto de vista adulto em torno dos fatos e dos personagens foi deixado de lado e entram em cena histórias protagonizadas por quem entende do assunto. "Estavam faltando filmes em que o protagonista é o próprio adolescente. Me preocupa essa banalização do gênero. Não são uma atração somente para eles, mas para todos", afirma Laís.

Caso os pais ainda sofram para compreender os filhos dessa faixa etária, algumas sessões de cinema podem ajudar no convívio diário.

Viva as diferenças

Um fato que chama a atenção entre as atuais atrações nacionais dos cinemas é a gritante diferença existente entre As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky, e Sonhos Roubados, de Sandra Werneck.

"Todos esses filmes têm facetas, linguagens e conteúdos diferentes. Eles só possuem o mesmo formato", explica Laís.

O primeiro longa tem como protagonista um típico garoto da classe média alta paulistana. Ele estuda em um bom colégio, onde seus amigos desfilam com variados tocadores de MP3 e modernas câmeras digitais, e vive entre ilusões e desilusões amorosas.

Já Sonhos Roubados mostra a dura vida de três personagens na periferia carioca. Entre suas aventuras e desventuras, as adolescentes encontram na amizade a força para enfrentar a promiscuidade sexual, única esperança de ter uma vida melhor.

As diretoras afirmam que seus personagens não retratam a realidade das cidades, mas sim de jovens que existem em diversos pontos do País em suas determinadas camadas sociais. Isso faz com que o cinema brasileiro ganhe uma interessante variedade de nuances. "O que mais interessa é que o cinema está diversificado. Isso é sensacional porque há um grande leque de oportunidades e gêneros retratados", comenta Sandra Werneck.

Para Laís, um dos obstáculos quando se lida com o tema é fazer com que esse público crítico se reconheça ao máximo possível na tela. "Parti do princípio que estava fazendo algo para esses especialistas que são os jovens. E enganar um adolescente não é nada fácil."

Independentemente da realidade exposta, o importante é fazer com que o jovem brasileiro encontre seu espaço na sétima arte. "É interessante como os filmes são o olhar do jovem se expressando por meio do audiovisual. Temos um grande mosaico", diz Laís.




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