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Moradores de Mauá dormem próximos à porta
Por Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
28/10/2010 | 09:17
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Desde o começo de outubro a dona de casa Ana Monteiro dos Santos, 55 anos, não consegue ter uma noite de sono tranquila. Durante todo o mês ela nem ao menos conseguiu dormir no quarto e improvisou cama no chão da sala, o mais próximo possível da porta.

O medo de dona Ana é o mesmo dos vizinhos, na Chácara Maria Aparecida, em Mauá. Dormir perto da porta é uma maneira de evitar a surpresa de sentir a parede de casa desabar sobre a cama.

Região de morros e alvo de ocupação irregular, a Chácara é formada por muitas comunidades, que nos últimos meses do ano começam a se preocupar com as chuvas intensas.

A maioria dos barracos é construída nas encostas e a movimentação do solo encharcado já começa a dar sinais de destruição.

Todas as noites dona Ana forra o chão da sala para assentar o colchão de casal. O sono é interrompido a cada estalo na parede. "A gente tem medo de a terra invadir a casa. O mais fácil é dormir perto da porta, para dar tempo de correr caso aconteça alguma coisa", falou.

A região também sofreu com os temporais do começo deste ano. Casas foram destruídas e famílias tiveram que mudar.

O aposentado Antonio Alfredo Simões da Silva, 55 anos, mora no Jardim Feital e quer evitar a todo custo passar por essa situação. "As chuvas deste ano foram mais fortes que nos outros anos. Não sei se o morro vai aguentar uma semana inteira só de temporal", calculou Silva.

Os moradores alegam que já procuraram a ajuda da Defesa Civil. Mas, de acordo com eles, os agentes não visitam a região desde o começo do ano. "Aqui todo mundo paga água e esgoto, mesmo assim a Prefeitura fala que estamos em área invadida, por isso não pode fazer nada", criticou o aposentado.

As paredes do quarto da dona de casa Sueides da Silva Azevedo, 33 anos, ficaram manchadas pela infiltração na segunda-feira, quando forte chuva atingiu o Grande ABC.

A encosta atrás da residência começou a ceder e foi barrada pela casa. "Se chover mais um pouco, todo esse barro vai quebrar a parede", previu Sueides.

A mesma parede foi destruída no início do ano pela enxurrada de barro.

 

REFORMAS

Já no Jardim Zaíra, algumas comunidades começaram a comprar materiais de construção e estão fazendo pequenos reparos nos barracos.

No Zaíra 4, a também dona de casa Maria de Fátima Rocha Cruz tem cimento e madeira estocados em casa. "Meu marido vai fazer um pequeno mudo na frente de casa, para a terra não descer mais", falou.

Por lá, é comum ter em casa pás e enxadas, para remover o barro dentro de casa após as chuvas. "Já comecei algumas reformas nas paredes de casa para ver se elas aguentam os temporais", disse a aposentada Adélia Paula Jesus, que mora no ponto mais alto do Zaíra 4, na viela 52.

"Eu sei que se minha casa for levada pela terra, os vizinhos debaixo também vão ser prejudicados", consentiu a aposentada que gastou mais de R$ 2 mil em materiais de construção.

Funcionários debatem ações preventivas contra chuvas

Por meio de nota, a Defesa Civil de Mauá informou que faz vistoria e orienta "sistematicamente as famílias que sofreram com enchentes e deslizamentos, sobre as medidas preventivas necessárias contra as chuvas de verão".

O órgão não informou sobre monitoramento em áreas de risco. Mas explicou que "funcionários das secretarias envolvidas nos atendimentos relacionados ao excesso de chuvas se encontram periodicamente para debater as alternativas para prevenir as ocorrências".

Muros de arrimo estão sendo construídos em pontos no município. Pelas informações, as obras estão nas ruas Vitória, no Jardim Paranavaí; João Salvador Perez, no Jardim Boa Vista; na junção das ruas Aristides Lopes e Luiz Scarpini, ambas no Jardim Zaíra; Antonio Calegari, no Alto da Boa Vista; dos Pinheiros, na entrada do Jd. Canadá; e a Avenida Itapark.

Córregos, bueiros e bocas de lobo são limpos diariamente pela Secretaria de Serviços Urbanos. Os quatro piscinões da cidade estão sendo limpos pelo DAEE (Departamento de Águas e Esgoto do Estado), conforme a nota.RF




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