Cultura & Lazer Titulo
Rebuscado e acústico
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
28/07/2010 | 07:00
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Rebuscado à forja de muito trabalho, o menos que é mais chega ao palco do Teatro Municipal de Santo André no sábado, com apresentação acústica do cantor Pedro Mariano.

No repertório, canções do seu mais recente disco, Incondicional, como A Casa da Dor, Três Moedas e Simplesmente, se mesclam a hits como Poder, Voz no Ouvido e Nau.EM

O acústico surgiu da necessidade cada vez mais latente de realizar um trabalho fácil de transportar e barato para o contratante. "Começamos, o Conrado Góes ao violão e eu, cantando. A dificuldade era transcrever a minha sonoridade, dos meus discos, às possibilidades ultraminimalistas que um violão só oferece", revela Mariano. "Você percebe que os seus arranjos são uma parte intrínseca à sua obra, que eles também criam a sua relação com o público", acrescenta.

A solução do impasse nasceu de um acidente de percurso. "Fiquei sem baterista num show e assumi o posto". Nascia, então, a formação enxuta que respeitava o original. "Decidi que meu acústico seria um power trio, de bateria, violão e baixo. Sonoramente, é muito próximo o resultado do show do disco", conta o cantor.

"Ficou uma loucura. Perguntaram se eu iria segurar a bronca. Eu sei tocar, sei cantar, só faltava encontrar a maneira de equalizá-los", conta.

"Faz uns quatro anos que faço isso e hoje o trabalho árduo virou um exercício de reinvenção, releitura e redescoberta".

Virtuose - Cada vez mais no domínio do canto e arranjo, Mariano - filho de uma das maiores cantoras que o País já viu, Elis Regina, com o mestre dos pianos, César Camargo Mariano - está mais dono do que faz. "Quando você experimenta coisas novas, ambientes, estilos, vertentes, passa a enxergar a música de outro jeito. Volta cheio de munição. O cérebro do músico parece um coador de papel de café, passa tudo, mas sempre fica resíduo", compara.

Esse acúmulo de experiência e canções flerta também com o passado. "Descobri que algo que eu queria fazer é a revisita. Você pode revisitar suas canções e agregar as vertentes que você vem apresentando no novo trabalho, trocar entre um e outro", diz Mariano.

Sem querer se tornar refém dos seus clássicos, o cantor inclui trabalhos inéditos nos shows. "A última foi Pra Você Dar o Nome, de Tó Brandileone. Ouvi essa música com o 5 a Seco e me assustei. Adorei na hora. A parte criativa do artista parte de sua renovação".

Seus temas são sempre os que falam mais alto ao coração. "Abordo o cotidiano, não necessariamente experiências que eu vivo, mas também as que vivi ou ouvi falar e me emocionaram. Já ouvi crítica por ser filho da Elis e ser romântico. Eu sou espelho da minha geração. Os jovens compositores não têm mais a necessidade que os músicos tinham no tempo em que lutavam contra a ditadura, de velar nas suas canções a crítica. Tenho visitado alguns que estão voando, compondo bem, mas a temática deles ou é muito abstrata, um jogo de palavras, ou envolve relacionamento".

Pedro Mariano - Show. No Teatro Municipal de Santo André - Praça 4º Centenário, Santo André. Tel.: 4433-0789. Sábado, às 21h30. Ingr.: R$ 50.




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