Certamente o Santo André não terá a despedida da Série B que imaginava. Nem mesmo o mais pessimista torcedor andreense previa que o time chegaria ao término da competição rebaixado para a Terceirona, ainda mais depois do excelente Paulistão. Mas o futebol não perdoa e hoje, diante do Náutico, às 21h, no Bruno Daniel, o Ramalhão diz adeus não só à temporada, mas deixa para trás a visibilidade que apenas as primeiras divisões nacionais proporcionam para ter que perambular e comer grama para valer nos estádios mais modestos do Brasil.

Foi difícil achar no treinamento um só jogador motivado a entrar em campo hoje. O discurso padrão era de que todos são profissionais e comprometidos com o futebol, com o clube e com os torcedores. Isso, segundo eles, seria o suficiente. "Somos merecedores de todas as críticas. Nos colocamos nesta situação e agora temos que achar meio para sair. O mínimo que podemos e devemos fazer é entrar em campo e vencer, honrar o clube, para depois pensar em nos recuperar em 2011", aconselhou o técnico Jair Picerni.

O treinador ainda se mostra bastante incomodado com a situação e recorre às velhas lamentações do fim de temporada para tentar justificar o fiasco do rebaixamento para a Série C. "Tivemos muita instabilidade durante a competição. Perdemos pontos incríveis que poderiam ter nos colocado em situação muito melhor nessa última rodada, até mesmo fora da zona de rebaixamento", lamentou. "Agora não adianta chorar. Precisamos refletir em tudo que deu errado e aprender", completou.

Um dos poucos destaques individuais do elenco, o meia Aloísio não escondeu o semblante frustrado, mas, ao contrário do goleiro Neneca, que preferiu se calar, encarou a situação delicada com maturidade. "Temos que ganhar e tentar terminar da melhor forma possível essa Série B. Depois vamos ver o que acontece", sugeriu o meia, que tem contrato com o clube até dezembro de 2011 e prometeu cumprí-lo. "Quero muito continuar no Santo André, essa é minha intenção. Só saio se for do interesse do clube uma transferência", explicou.

Mesmo sem confirmar a equipe, o técnico Jair Picerni deve fazer alguns testes e usar jogadores que não vinham atuando com frequência. As mudanças, no entanto, devem ser feitas no decorrer do confronto, já que inicialmente a intenção do treinador é usar o time que julga melhor tecnicamente.

Os desfalques são Cicinho, machucado, além de Toninho e Dênis, suspensos. Os substitutos são Alex Silva, na lateral direita, Andrezinho, na esquerda, e Victor Hugo, na zaga.

Torcida protesta e pede volta de Pablo Escobar

Faixas, cartazes e até cédulas ilustrativas de R$ 100 estampada com o rosto dos homens fortes do Santo André. Dessa forma os torcedores prometem receber o time na despedida e mostrar a indignação pela fase do clube.

Segundo o presidente da torcida Fúria Andreense, Renato Ramos, as ações partem de torcedores comuns e não das organizadas. "Não há ninguém encabeçando isso, são pessoas que gostam do Santo André, ex-dirigentes, torcedores, ex-atletas, enfim, gente que ama o clube e não aceita essa situação", conta.

Esse grupo de torcedores promete passar abaixo-assinado nas arquibancadas exigindo o retorno do meia Pablo Escobar, que está na Ponte Preta, mas tem contrato até o fim do mês. "Queremos coletar o maior número de assinaturas e depois apresentar para a diretoria mostrando nossa vontade", promete Ramos.

Em Campinas, Escobar se disse contente com o carinho demonstrado pelos torcedores e que aceitaria voltar ao clube. "Não recebi nenhum convite. Tem três times interessados, mas eu optaria pelo Santo André. Gosto muito do clube, minha família adorou a cidade, mas não depende de mim", garante o jogador, que defendeu o Ramalhão em 2009.

Tranquilo, Náutico encara confronto como amistoso

Diferentemente do Santo André, o Náutico vem ao Bruno Daniel apenas para passear. Depois de passar boa parte da Série B próxima da zona de rebaixamento, a equipe pernambucana conseguiu se livrar da degola e encara o confronto de hoje com simples amistoso.

O treino de ontem ficou marcado pelo clima de descontração. Alguns jogadores foram liberados pela diretoria para entrar em férias, enquanto outros 18 foram relacionados para o confronto de hoje.

O técnico Roberto Fernandes confessa que o confronto não tem a mínima importância. "Para alguns atletas este jogo pode ser a oportunidade que precisam para aparecer. Já falando em termo de campeonato, podemos considerar como um amistoso", comenta.

Mesmo na última rodada, o Náutico vai estrear dois jogadores: o meia Guaru e o atacante Philip vieram das categorias de base e jogam pela primeira vez no time principal. "Quando entro em campo só penso na vitória e agora não vai ser diferente. Quero entrar bem e mostrar meu futebol", adianta Philip.

CUMPRINDO TABELA

O outro jogo de hoje, entre Duque de Caxias e ASA, às 21h, no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, também não vale praticamente nada na Série B. As equipes não possuem ambição nem preocupação e devem se despedir em tom amistoso.