Política Titulo 2010
'Serra não sai ao Planalto nas eleições de 2010', diz deputado

Arnaldo Faria de Sá afirma que governador tucano
não irá deixar de entregar obras do governo paulista

Por Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
03/08/2009 | 07:00
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O favoritismo do governador tucano José Serra na disputa pela Presidência, no próximo ano, não será suficiente para fazê-lo trocar o certo pelo duvidoso. Quem acredita nisso é o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP).

A desconfiança do petebista faz sentido. Segundo ele, as principais obras do governo Serra - com exceção do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas - só serão inauguradas após 2011, quando o governador já estaria fora do cargo, caso realmente se desincompatibilize para disputar a sucessão de Lula.

"Ele vai deixar isso (inaugurações) para outro? O Serra que vai fazer. Estações de metrô, por exemplo, só serão entregues em 2013. Agora não entrega nada. Por conta disso, ele não é candidato a presidente no ano que vem", analisa Arnaldo. "O Serra é muito pragmático. Certamente vai pensar: ‘Eu posso ser presidente da República, mas tenho a certeza de ser governador'."

Outro motivo que, segundo o petebista, fará Serra desistir de disputar pela segunda vez o comando do Palácio do Planalto - perdeu para Lula em 2002 - será o crescimento, na opinião dele, do nome de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas, pelo fato de estar colada com o atual chefe da Nação.

"O Lula vai fazer a Dilma dar uma estourada nesta eleição. Vai levá-la para cima. Se a crise continuar nessa marolinha, ele faz a Dilma. Isso só não acontece se a situação econômica mudar." Neste cenário, Arnaldo aposta no governador mineiro Aécio Neves (PSDB) como o principal candidato anti-PT na eleição presidencial.

Apesar de o PTB fazer parte da base aliada de Lula - e comandar o estratégico ministério das Relações Institucionais -, Arnaldo diz que não estará no mesmo palanque dos petistas. E mais: estará com Serra em São Paulo. "Estou, nos dois mandatos de Lula, fazendo oposição a ele, mesmo com meu partido sendo da base aliada. Continuo nesta luta. Não vou pedir voto para a Dilma."

SUCESSÃO 2014 - Seguindo o raciocínio de que Serra vai disputar e garantir a reeleição ao governo do Estado, Arnaldo acredita que o sucessor do tucano no Palácio dos Bandeirantes será o prefeito da Capital, Gilberto Kassab (DEM), que teve o apoio velado do governador na eleição do ano passado, mesmo com a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, que não conseguiu chegar ao 2º turno.

SARNEY X LULA - Arnaldo também critica a postura de Lula que, antes de pisar no freio e dizer que não tem nada a ver com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), fez afagos públicos ao ex-presidente, bombardeado com série de denúncias, como nomeações secretas de parentes. "Essas atitudes têm um objetivo enviesado, que é a defesa da Petrobras. Ele tem medo que na CPI se faça um pente-fino na empresa."

O receio da investigação também justificaria, segundo Arnaldo, o súbito reconhecimento de Lula ao ex-rival Fernando Collor (PTB), atual senador da base. "Logicamente, existe a esquisitice, mas isso é para garantir mais um voto a favor do governo na CPI."

Lideranças dividem opiniões sobre candidatura

As afirmações do deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB) dividem opiniões em Santo André, cidade que promete estar presente na disputa por apoios rumo aos palácios dos Bandeirantes e do Planalto. Isso porque o PT, apesar de ter perdido o comando da Prefeitura, ainda mantém expressivo eleitorado. Em contrapartida, o prefeito Aidan Ravin (PTB), que deve figurar ao lado do PSDB, ostenta prestígio por ter virado um jogo considerado perdido.

Para o presidente do diretório municipal do PSDB, José Luiz Cestari, é muito difícil que Serra desista de disputar a presidência. "Ele tem dito que ainda não é o momento de tratar desse assunto, pois isso não será uma decisão isolada. O partido todo caminhará junto para a definição da candidatura", afirmou. Na avaliação de Cestari, o candidato ao governo paulista é Geraldo Alckmin. "É um nome expressivo, de grande destaque. Figura com força nas pesquisas e tem um histórico de trabalho muito positivo no Estado."

Em visita a Santo André, e de olho em apoios para concorrer ao Senado, o ex-governador e presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia, descartou as afirmações de Sá. "Serra não quer precipitar as coisas, mas certamente disputará a presidência. É uma vontade dele e o momento favorece seu nome", enfatizou.

Do outro lado do campo, Tiago Nogueira, vereador e presidente municipal do PT, acredita na afirmação do deputado petebista e justifica a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como provável causa. "A ministra Dilma Rousseff deve embarcar nessa popularidade e isso vai dificultar a vitória de Serra. Ele sabe disso e não vai deixar de garantir o que já tem em mãos", analisou, referindo-se à reeleição do tucano em São Paulo.

O vereador avalia que essa é uma fraqueza que pode surpreender o PSDB no Estado. "Por mais que eles sejam fortes em São Paulo, isso não é sinônimo ou garantia de vitória. Também éramos fortes em Santo André, mesmo assim, perdemos", compara Tiago, crendo que, com Serra no governo por mais um mandato, Geraldo Alckmin seria o nome tucano para uma das vagas no Senado.

Com esse cenário, o vereador acredita em um governo estadual petista. "Se nosso partido está forte nacionalmente, significa que temos boas chances", enfatiza. O parlamentar adianta que a sigla tem nomes fortes para a disputa do Palácio dos Bandeirantes, como Aloizio Mercadante, Eduardo Suplicy, Arlindo Chinaglia, Marta Suplicy e até o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. "Mas, essa definição só deve sair no início de 2010", finaliza.

João Avamileno, ex-prefeito petista e pré-candidato a deputado estadual, discorda do companheiro de partido. "Acho que dizer que o Serra não vai disputar é pura especulação. Ele é o candidato natural do PSDB", declarou. (por Clébio Cavagnolle Cantares)




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