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Cigarro ainda é vilão

Apesar de saber dos riscos, 533 mil jovens usam o tabaco, segunda droga que mais mata no mundo

Caroline Garcia
Do Diário do Grande ABC
24/08/2014 | 07:00
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É normal ouvir que o cigarro vicia e que faz mal à saúde. Mesmo assim, o álcool e o tabaco são a primeira e a segunda drogas, respectivamente, mais consumidas no mundo. Consequentemente, são as que mais matam. Os dados mostram que o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado sexta (29), precisa ser lembrado.

Em primeiro momento, parece boa notícia dizer que a porcentagem de adolescentes brasileiros que fumam caiu de 6,2% para 3,4%, em seis anos. No entanto, ainda há 533 mil jovens de até 18 anos que usam tabaco, segundo pesquisa do 2º Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), realizada em 2012.

Em geral, o jovem começa a fumar aos 15 anos. O fato preocupa, pois quanto maior o tempo de exposição ao tabaco, maior o risco de desenvolver doenças. O fumo também diminui o pique para correr, nadar e até dançar na balada. Deixa os dentes amarelados, a pele ressecada, causa impotência e envelhecimento precoce.

Em geral, o jovem começa a fumar para imitar os amigos ou pessoa que admire. “Querem se parecer com alguém de dentro do grupo. Problemas emocionais também os levam a fumar”, afirma Silvia Cury Ismael, gerente dos serviços de psicologia e coordenadora do Programa de Controle do Fumo do HCor – Hospital do Coração, de São Paulo.

Segundo a especialista, a nicotina diminui a ansiedade e o consumo passa a ser inconsciente. “Entre os 4.720 componentes químicos do cigarro, com metais pesados e cancerígenos, a nicotina é a responsável pela dependência, que ocorre com três meses de uso.”

Apesar de existir lei que proíbe venda de cigarro para menores de idade, comprar um maço não é tarefa difícil. Cerca de 55% dos jovens os adquire em bares. “Conseguem também em casa, com algum parente. O fumante não costuma contar a quantidade de cigarros no maço e não percebe se sumir um. Nos estabelecimentos, a lei existe, mas dificilmente é fiscalizada”, diz a psicóloga.

NARGUILÉ - O narguilé é um modo de fumar que, muitas vezes, é aceito pelos pais e usado dentro de casa. “Uma hora e meia de consumo equivale a 100 cigarros em quantidade de nicotina e causa dependência. A piteira, que fica passando de boca em boca, também pode ocasionar doenças.”

De acordo com a Pesquisa Especial sobre Tabagismo, feita pelo IBGE, já são mais de 300 mil consumidores de narguilé no País. Os sabores e aromas de frutas fazem parecer inofensivo, mas o monóxido de carbono inalado vai para o sistema respiratório e prejudica a circulação. Além disso, esse tipo de cachimbo não está livre de substâncias cancerígenas.

Fumaça também causa doenças graves em quem fuma sem querer

Cerca de 200 mil pessoas morrem ao ano por causa do tabagismo no Brasil, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). As doenças que mais se desenvolvem por causa do tabaco são as cardiovasculares. “Aumenta a incidência de aterosclerose e o risco de infarto do miocárdio ou AVC (Acidente Vascular Cerebral)”, explica Hélio Castello, cardiologista e diretor da Angiocardio.

Também pode provocar câncer em vários órgãos. “Os mais comuns são de pulmão, boca, laringe, esôfago e estômago. Doença pulmonar obstrutiva e enfisema pulmonar também são comuns. Todas as doenças têm tratamento, mas muitas não têm cura por serem crônicas.”

Mas os fumantes não são os únicos com pré-disposição para doenças. Quem não fuma, mas inala a fumaça, também corre perigo. Pesquisa do Ambulatório de Drogas do Hospital Universitário da USP mostra que 51% das crianças até 5 anos são consideradas fumantes passivas.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 2 bilhões de pessoas no mundo fumam sem querer. O caso é mais perigoso com grávidas, pois aumenta as chances de abortos espontâneos e nascimento de bebês com doenças respiratórias.

Pensando em diminuir essas estatísticas e combater o uso do tabaco, o Ministério da Saúde implementou novas regras à Lei Antifumo, que entrou em vigor em 2011. Será proibido fumar em ambientes fechados (os fumódromos não existirão mais) e fazer propaganda de cigarro. Além disso, as mensagens de alerta nos maços serão maiores. Os comércios que não cumprirem as normas podem ser punidos e até perder a licença de funcionamento, que deverão ser colocadas em prática até dezembro deste ano.   




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