D+ Titulo Comportamento
Fazer ou não terapia?

Buscar ajuda de um profissional pode ser fundamental em períodos de mudanças

Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
17/11/2013 | 07:00
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Divulgação


O corpo e a mente se transformam na adolescência. Surgem angústias e conflitos. Tem gente que consegue lidar numa boa com as mudanças, outros nem tanto. É nessa hora que a ajuda de um profissional é essencial. Mas como saber se é o momento de fazer terapia?

“Independentemente da idade, quando a pessoa tem alguma dificuldade emocional ou de relacionamento e não consegue resolver sozinha ou com ajuda de amigos e familiares, é preciso buscar alternativa”, explica o psicoterapeuta Antonio Carlos Amador Pereira, professor de Psicologia da PUC-SP.

A terapia (termo usado para generalizar o trabalho desenvolvido pelo psicólogo, terapeuta ou psiquiatra) é ferramenta que ensina a lidar com problemas pessoais e conflitos, além de ajudar no autoconhecimento. “A pessoa terá mais percepção de si mesma e vai ser capaz de fazer escolhas e lidar com situações difíceis da vida”, afirma Marta Regina Cemin, professora de Psicologia da PUC-RS.

Foi exatamente o que fez há quatro meses Bruna Pontes, 18 anos, de Santo André. Ciumenta, com baixa autoestima e sem confiança, a garota confessa que chegou no seu limite. “Estava a ponto de explodir por não conseguir mudar. Meu namoro desgastou e quase acabou”, conta.

Bruna sempre foi muito reservada e depois das visitas à psicóloga já vê progresso. “Com ela consigo me abrir, mesmo tocando nas feridas. Tenho melhorado, principalmente em relação ao ciúmes”, diz a menina, que não falta nas sessões por nada. “É diferente de conversar com familiares. Com o tratamento, busco respostas e melhorias.”

Para enfrentar a timidez, em especial, dos jovens, o profissional precisa ter jogo de cintura. “Tem de interagir e se deslocar para o mundo deles para que ganhem a confiança e colham os benefícios da terapia, que costumam ser mais rápidos nessa fase”, diz Marta.

Vontade de procurar especialista deve partir da própria pessoa - Ninguém gosta de fazer nada forçado. Se o assunto estiver relacionado à terapia, é pior ainda. Buscar ajuda de um profissional é questão de escolha e não dá para obrigar ninguém a isso, pois requer disponibilidade e comprometimento. Além disso, mudanças de comportamentos não acontecem contra a nossa vontade, não adianta.

Há casos de jovens que são levados pelos pais porque eles esperam que, dessa forma, os filhos fiquem menos rebeldes e se dediquem mais aos estudos. “Antes de tudo é preciso haver diálogo em casa. O nosso trabalho está baseado na confiança entre o paciente e o profissional. O terapeuta não pode ser cúmplice dos pais, precisa compreender a privacidade das sessões”, diz o professor de Psicologia da PUC-SP Antonio Carlos Amador Pereira.

Na opinião do profissional, é importante entrevistar os pais e dar a chance de o filho participar dessa conversa. “A prioridade é o adolescente. Oferecemos alternativas, mas devemos respeitar suas escolhas. Isso é fundamental para obtermos um bom resultado a cada sessão.”

Trabalho em TV desperta curiosidade - Daniel (foto acima) visita semanalmente o consultório do psicólogo Theo para controlar sua compulsão por comida desenvolvida após a separação dos pais. Lá ele fica confortável para dizer o que pensa e sente. O personagem é interpretado por Derick Lecouflé, 14 anos, de São Bernardo, na série Sessão de Terapia, do canal GNT. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 22h30.

Na vida real, o ator nunca consultou um psicólogo, mas ficou com vontade de fazer terapia após viver a experiência nas gravações. “Acho legal porque é oportunidade de desabafar com um profissional. Além disso, tudo o que é dito para ele permanece com ele”, diz.
Segundo Derick, todo adolescente deveria pensar em procurar ajuda. “É época de muitas mudanças e descobertas. Seria bacana para se conhecer melhor e resolver os conflitos que existem.” Para dar vida ao seu personagem, o ator conta como se preparou. “Li vários textos e tentei compreender e me colocar no lugar de Daniel para saber o que sentiria se fosse ele.”

Falta de informação ainda gera preconceito - Em pleno ano de 2013, muita gente ainda acha que ir à terapia é coisa de quem está ‘louco’ ou tem algum problema grave. O medo e a vergonha do que os outros possam pensar fazem com que muitos deixem de buscar ajuda ou adiem o tratamento.No entanto, essa ideia errada nada mais é do que falta de informação. “Nos últimos dez anos notamos que o preconceito diminuiu, mas ainda há a dificuldade de entender a função do profissional”, ressalta o terapeuta Luis Cesar Pereira.

Vinicius Frealdo Pereira, 13 anos, de Santo André, frequenta sessões com psicóloga e fonoaudióloga há seis anos para tratar sua hiperatividade e deficit de atenção. “Conto para meus amigos e alguns dão risada. Outros ainda acham que é besteira procurar uma psicóloga, mas nunca fiquei com vergonha de falar”, conta.Além disso, o garoto sabe da importância do tratamento para alcançar bons resultados. “Sem a ajuda do profissional e da minha mãe não conseguiria melhorar as notas na escola, prestar mais atenção, ser organizado e até ter mais amigos.”

Se o preconceito ainda existe, por outro lado, o especialista afirma que há a ‘moda’ da busca do autoconhecimento. “Tem aumentado a procura por terapias com o objetivo de se descobrir. Porém, isso também é usado como desculpa para admitir o real motivo da ida ao terapeuta.”

Há diferenças
> Psicólogo – profissional com nível superior, que estuda o comportamento e o pensamento das pessoas.
> Psiquiatra – especialidade médica de nível superior, cujo profissional está habilitado a prescrever medicamentos.
> Psicoterapeuta – é uma das especializações da Psicologia e Psiquiatria.
> Terapeuta – Atua com terapias alternativas, que utilizam técnicas corporais, como massagens. Não possui nível superior reconhecido pelo Ministério da Educação.




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