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A fúria das férias

Estudantes em férias, trânsito melhor, menos manifestações com menos gente

Carlos Brickmann
10/07/2013 | 07:00
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Estudantes em férias, trânsito melhor, menos manifestações com menos gente. Após a tempestade vem a bonança – mas quem disse que a tempestade passou? Talvez não tenha passado. Amanhã, há greve geral marcada pelas centrais sindicais. A menos que fracasse, é confusão brava. Pior: algumas centrais tentam criar uma figura nova na história, a greve geral a favor do governo; uma delas, a Força Sindical, age na direção oposta e prega o quanto pior, melhor. O líder da central opositora, deputado Paulinho da Força, do PDT paulista, ameaça gerar confrontos com as outras centrais, levando cartazes ‘Fora, Dilma’ às manifestações. Diz: “Nosso trabalho é empurrá-la para o buraco.” Como se fosse possível jogar uma presidente da República no buraco sem que o País vá junto.

A Federação Nacional dos Médicos tem reunião de emergência também amanhã, em Brasília, às 10h. O objetivo é protestar contra o plano de importação de médicos estrangeiros, que nem precisariam revalidar seus diplomas. A federação pensa até, entre outras possibilidades, em greve nacional de médicos.

Quem do governo dialoga com os médicos? Gilberto Carvalho, até agora o negociador, está fora; Gleisi Hoffman, da Casa Civil, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, foram esvaziadas. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nem sabia da importação de médicos – uma ideia do chanceler Antônio Patriota (sim, ele as tem!) Entretanto, como dialogar com médicos sem pisar no ministro da Saúde? Patriota é o pai da confusão, mas a burocracia o livra de pagar por ela.

Fio de bigode

Restaria, com prestígio oficial para negociar, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Mas às 10h? Ele precisa de tempo, depois de acordar, para aparar com perfeição, fio a fio, aquele bigode que só falta encerar, e fazer cara de bravo (acreditem: longe de estranhos, ele é afável, até parece normal). Só assim Mercadante se sente apto a aparecer em fotos, mais uma vez, perto da presidente.

Data-limite

E tudo tem de acabar até o dia 22, quando o papa Francisco chega ao Brasil.

Que mundo!

Chico Buarque, o profeta, dizia que não existe pecado do lado de baixo do Equador. Nem sempre os profetas acertam. Chico dizia também que boi voador não pode. Só que, agora, se o caro leitor imaginar que viu bois voando, é que viu mesmo. Pois não é que índios entraram no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) com ação criminal por calúnia e difamação contra seu maior defensor no governo, o ministro Gilberto Carvalho? Os mundurucus o processam por ter dito que alguns índios se dedicam ao garimpo ilegal de ouro. O mundo está tão esquisito que Carvalho pode até ter razão.

Olhos e ouvidos

Se o governo brasileiro se surpreendeu com a ação de espionagem norte-americana, está lamentavelmente atrasado. Um excelente livro de 1994, O Punho de Deus, de Frederick Forsyth, tem enredo de ficção, mas conta como funcionava, alguns anos antes, a espionagem dos Estados Unidos. Descrevem-se os equipamentos da época e usa-se a seguinte frase, a respeito do Iraque, de Saddam Hussein: “Se fosse dito, eles poderiam ouvir. Se se deslocasse, poderiam ver. E, se soubessem a respeito, poderiam destruir”. O livro tem 19 anos e descreve o mundo de 23 anos atrás.

Alckmin x caminhões

O governador do Estado, Geraldo Alckmin, do PSDB, anunciou que os pedágios não seriam reajustados; e não anunciou, mas determinou que os caminhões passassem a pagar pedágio também sobre os eixos suspensos, sem contato com o solo. O truque não deu certo e os caminhões pararam em São Paulo. Ao jogar para a torcida, eis o que os tucanos mostraram: no transporte de carga em São Paulo, o custo do pedágio é de 30%. De Ribeirão Preto a Santos, um caminhão com sete eixos paga R$ 950, ida e volta. Três viagens por semana custam R$ 12 mil por mês. A prestação do caminhão é de R$ 10 mil. Hoje, o pedágio já é mais caro que a prestação. Imagine com o pedágio cobrado sobre os eixos suspensos.




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