Quando a bióloga Edilene Fernandes, 33 anos, comentou com as amigas que preferia passar uma noite com o namorado em um hotel a ir ao motel, os olhares de espanto foram inevitáveis. “Elas associam hotéis em cidades grandes a lugares ocupados apenas por executivos”, brinca. A discrição, a segurança e a oferta de serviços que não são encontrados em motéis são pontos decisivos para a escolha do casal.

“Motel dá aquela impressão de que o casal só vai fazer sexo e pronto. Não é sempre assim. Por isso, prefiro hotéis”, diz.

Os dois começaram a ir a hotéis porque moravam com amigos. “Aí não rolava de um ir para a casa do outro. E a decoração é de mais bom gosto do que muitos motéis por aí”, conta o namorado, o fotógrafo Egon Jenckel, 42 anos. As viagens constantes justificam o hábito. “Sempre que viajamos, ficamos em hotel.”

“Pelo menos uma vez por mês reservamos um quarto para passar o dia. Temos a liberdade de poder sair para jantar, ir ao cinema e depois voltar. Coisa que em um motel é impossível”, diz a bióloga.

O preço, também é uma vantagem. Hoje, as redes de hotéis oferecem pacotes especiais para casais e hospedagens nos fins de semana.

Para a educadora sexual Laura Muller, essa é mais uma opção. “O hotel possui ingredientes diferentes que estimulam o romantismo, como ficar abraçado. Às vezes o casal quer motel, outras, hotel. As duas escolhas são saudáveis.”

Essa possibilidade de escolha é apontada pela educadora como recente. “Há um tempo, não havia tantos hotéis legais com preços bons.” Isso, segundo ela, também facilita a vida dos casais que ainda se sentem constrangidos em ir a motéis. “A nossa cultura ainda é um pouco opressora. O hotel é a saída mais fácil.”

Duas vezes por mês, o subchefe de recepção Cristian Ynomye, 29 anos, leva a namorada a um hotel. “Ela nunca tinha ido, foi influenciada por mim”, diz. A preferência tem três justificativas: o período de permanência é maior (24 horas), o casal tem mais liberdade e discrição e a rotatividade de hóspedes é menor.