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Obra é teste de
paciência para vizinho

Moradores de casas ao lado de construções enfrentam muitos
problemas, entre eles o barulho, sujeira e falta de privacidade

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
28/05/2012 | 07:00
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Morar ao lado de construção não é fácil, principalmente em caso de edifícios. Barulho, sujeira e falta de privacidade são os principais problemas que os vizinhos dessas grandes obras têm de enfrentar. Muitas vezes, a reclamação é em vão e o tormento vira rotina no cotidiano dos moradores. O mais difícil é ter paciência para conviver com a situação.

"Não aguento mais. Desde o começo é assim. No início, a gente até entendia. Com o passar do tempo, vimos que a coisa não mudava e só foi piorando. Saiu do controle. Não sei mais o que fazer", relata o motorista Ewerton Martinelli, 31 anos, que mora encostado a um prédio de aproximadamente 15 andares que está sendo erguido no bairro Valparaíso, em Santo André.

Há cerca de um ano e meio convivendo com a construção, ele afirma que o principal problema é a queda de detritos da obra, que vão parar dentro de seu imóvel. "Os operários passam produtos químicos nas paredes, que caem no meu quintal. A quantidade desse resíduo é enorme. Até dentro do motor do meu carro entrou poeira. Não posso estender roupa no varal porque suja. Após lavar, tenho de levar para a casa da minha mãe para secar", lamenta.

Outro tormento é o excesso de ruído emitido fora do horário permitido pela legislação municipal, entre segunda-feira e sábado, das 7h às 18h. "Deixam muitas caçambas na frente da minha casa. Quando estão cheias, os caminhões as retiram durante a madrugada. Isso acontece umas três vezes por semana. Como a gente consegue dormir deste jeito?"

Segundo o morador, o trabalho dos pedreiros mudou a rotina na casa. "Morava aqui bem antes deles iniciarem o serviço. Não posso mais brincar com meus filhos no quintal por causa do pó", conta. "Já até mexeram com minha esposa. Isso é inadmissível. Total falta de respeito".

Indignado, o morador afirma que já fez reclamações no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e Defesa Civil. Segundo ele, os fiscais aparecem e autuam a obra, mas o empreendimento nunca foi embargado. "Até o engenheiro responsável foi procurado para solucionar o problema, mas sugeriu que eu procurasse a Justiça. Não quero dinheiro, só sossego para poder tocar minha vida normalmente".

A situação da artesão Rosa Lídia, 46, é semelhante. A convivência dela com a obra de prédio no bairro Santa Maria, em São Caetano, também é problemática. "É um inferno. A empresa garantiu que iria respeitar nosso espaço, mas isso não aconteceu. Meu quintal está cheio de gotas de cimento", protesta.

Além de perder a liberdade, Rosa também reclama que teve de mudar a rotina. "Tenho o hobby de criar orquídeas, mas esse pó está acabando com minhas plantas. Algumas até já morreram. Não posso nem fazer o que gosto."


Para especialista, diálogo com empresa é a melhor solução

O coordenador do curso de Engenharia Civil FEI (Fundação Educacional Inaciana), Kurt Amann, sugere aos vizinhos de grandes obras que procurem os responsáveis pelo empreendimento e tentem chegar a um acordo. O objetivo é minimizar os impactos e transtornos. "Vale a pena a vizinhança se organizar e tentar dialogar com a empresa. Mesmo com normas, se tiver bom-senso, é algo que pode ser acertado. Caso isso não aconteça, é necessário procurar a fiscalização", orienta.

A dona de casa Luzia Aparecida Machado, 63 anos, que mora ao lado de construção no bairro Baeta Neves, em São Bernardo, conseguiu contornar a situação. "Problemas a gente sabe que sempre vão existir, mas nossa relação é muito boa desde o começo. Eles cumpriram tudo o que prometeram. Até fiz amizade com os operários", conta.




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