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Nas ruas, moradores defendem regras mais duras contra a Covid

Sentimento é que a decisão de determinar volta à fase amarela foi política; ainda assim, avaliação é que aperto poderia ter sido maior

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
03/12/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Moradores do Grande ABC ouvidos ontem pelo Diário avaliam que a política teve peso fundamental na decisão do governo de determinar a volta de todos os municípios do Estado à Fase 3 (amarela) do Plano São Paulo, o que implica no endurecimento de medidas voltadas a inibir a disseminação da Covid, que tem apresentado aumento de casos e de mortes.

Apesar de estar nas ruas para compras, compromissos médicos, passeio ou a trabalho, boa parte defendeu, inclusive, que as prefeituras adotem regras mais rígidas daquelas determinadas pelo Estado, mesmo nas cidades onde as administrações decidiram proibir a prática de esportes coletivos ou o funcionamento de cinemas e teatros, casos de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema.

Moradora do Jardim Santo André, no município andreense, Márcia Cardoso, 36 anos, disse não somente ser a favor da regressão à fase amarela, mas entende que as regras deveriam ser mais rígidas. “Acho que precisam (governantes) tomar essas medidas, porque as pessoas não respeitam”, disse, usando sua situação como exemplo. “Não posso ser hipócrita. Não deveria estar na rua, ainda mais com meus dois filhos”, pontuou a caixa.

A autônoma Adriana Benta, 33, defende que os governantes têm de ser mais rígidos com a população. A moradora do bairro Cooperativa, em São Bernardo, afirma ainda que a retomada da fase amarela foi um “descaso com as pessoas pós-eleições”. “Me questiono por que os governantes não fizeram isso antes. Antes da eleição pareceu que o controle do vírus estava melhor, reabriu tudo, e aí um dia depois que termina o período eleitoral, voltam as medidas mais rígidas? Estranho”, criticou.

Duas irmãs que não quiseram se identificar ainda disseram que seria importante a Justiça investigar o motivo que levou os governantes a “enganar a população”. “Houve interesse político, sim. Não é possível que as pessoas não vejam que passou a eleição e eles (políticos) voltaram a fazer pressão para acabar com o fim de ano das pessoas”, disse uma delas. 

A população questiona ainda a fiscalização por parte das prefeituras. Rosana Passos, 54, disse que estava na Marechal Deodoro, no Centro de São Bernardo, devido a consulta médica. Moradora do Centro, ela e a filha, Mila Vitória, 15, se disseram “impressionadas” com a lotação das lojas. “Acho que teria de ser ainda mais restritivo”, opinou Rosana. 

Morador do bairro Barcelona, em São Caetano, Gustavo Bispo, 30, revelou que ele e amigos vinham jogando futebol três vezes por semana. No entanto, defende o endurecimento das regras, que proíbe, por exemplo, a prática de esportes coletivos. “As pessoas não tomam cuidado. No fim do jogo o pessoal fica bebendo, batendo papo e, com o aumento dos casos, a melhor coisa é fechar mesmo”.

Região tem 1.143 casos em 24 horas

DÉREK BITTENCOURT

derekbittencourt@dgabc.com.br

A região registrou grande alta nos casos confirmados de Covid-19 nas 24 horas entre terça-feira e ontem. Impulsionado por uma atualização na contabilidade de Ribeirão Pires, que acrescentou 517 pacientes positivados após conferência com os registros do ESUS e do Sivep (bases de dados do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do Estado) – segundo a Prefeitura da Estância Turística, se tratam de moradores inseridos posteriormente por outros municípios nos sistemas –, o Grande ABC somou 1.143 novos casos à contagem, totalizando 85.882 desde o início da pandemia. As sete cidades contam ainda com 96.807 suspeitos.

Já com relação aos óbitos, foram 13 novos ontem (cinco em São Bernardo, quatro em Santo André, três em Diadema e um em Mauá). Assim, a região chegou a 3.051 mortos pelo novo coronavírus (48 somente nesta semana). O número pode aumentar, uma vez que os municípios ainda investigam 231 fatalidades que podem ter a Covid-19 como causa.

Por fim, o dado relativo aos recuperados indicou 71.464 pacientes que receberam alta nas sete cidades desde março.




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