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Grande ABC é o maior centro de formação de judocas do país
Kati Dias
Do Diário do Grande ABC
28/08/2005 | 09:00
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Não é novidade que o Grande ABC concentra os principais judocas brasileiros. A região teria quatro representantes no Mundial de Judô, que será realizado de 3 a 11 do próximo mês no Egito. Mas com o corte de Carlos Honorato e a dispensa de Edinanci Silva, ambos do Imes/ São Caetano, a delegação caiu para dois representantes: Thiago Camilo, na categoria meio-médio, e Walter Costa, na pesado. Thiago, prata na Olimpíada de Sydney (2000), é uma das principais esperanças de pódio na competição. Entretanto, o que mais chama a atenção é a descoberta de talentos dentro do Grande ABC.

As políticas públicas para o desenvolvimento do esporte, professores de alto nível e a manutenção de atletas profissionais são apontados como os fatores que credenciam a região como um dos principais celeiros do judô nacional. Além de oferecer centros de formação, as prefeituras auxiliam os atletas com bolsas de estudos, transporte, alimentação e ajuda de custo. Porém, não divulgaram o investimento anual na modalidade.

O domínio do Grande ABC ficou evidente na última seletiva para o Mundial, realizada em São Paulo no mês de abril. Dos 112 atletas que disputavam 14 vagas, 50 representavam o Estado, e 20 judocas eram da região. Destes competidores, oito chegaram às finais, mas somente quatro obtiveram a vaga.

Outro fator que leva os jovens a optar pela modalidade é o número de medalhas conquistadas em Olimpíadas. O judô obteve 12 medalhas (dois ouros, três pratas e sete bronzes), campanha só superada pelo atletismo (com 12, mas com um ouro a mais) e a vela, com 14. "Voltar dos Jogos Olímpicos com uma medalha no peito ajuda na popularização do esporte", explicou o presidente da FPJ (Federação Paulista de Judô), Francisco Carvalho Filho, o Chico do Judô.

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a aceitação da modalidade no Grande ABC ocorreu antes da conquista do ouro de Aurélio Miguel na Olimpíada de Seul (1988). Antes dele, Walter Carmona, de São Bernardo, obteve o bronze em Los Angeles (1984).

O Grande ABC é considerado um dos pilares do judô brasileiro há mais de 40 anos. "Embora a imigração japonesa não tenha sido tão grande na região, como no interior do Estado, as cidades foram influenciadas por grandes mestres da colônia que adotaram o local para viver, como Yukio Takada, de São Caetano, e Hatiro Ogawa, de São Bernardo, entre outros", explicou o dirigente. Muitos discípulos, que obtiveram resultados importantes no circuito mundial se mantiveram na região e contribuíram com a manutenção do esporte, como Mário Tsuitsui, que foi vice-campeão mundial universitário e hoje comanda a equipe do Imes/ São Caetano.

Hoje, porém, o esporte entrou na era da globalização e se tornou multirracial. "Temos mais pessoas de olhos arredondados do que com olhos puxados", brincou Tsuitsui, este sim, representante legítimo dos orientais.

Os talentos garimpados no Grande ABC chamam a atenção pela juventude. O ligeiro Luiz Revite, de 18 anos, do Mesc/ São Bernardo, foi apontado pelos técnicos e também pelo presidente da FPJ como uma das promessas da região para o judô brasileiro. No feminino, a pesado Aline Puglia, também do Mesc, e Marieta do Nascimento, de Santo André, são vistas como uma das futuras forças da categoria.



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