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Pan diz a sindicato que vai pagar ex-funcionários em até 3 semanas

Trabalhadores, que estão sem receber rescisão desde 2019, se manifestaram ontem novamente

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
21/08/2020 | 00:01
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O impasse entre ex-funcionários e a Pan, instalada no bairro Santa Paula, em São Caetano, pode começar a ter um desfecho em até três semanas. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Laticínios e Alimentação da região, este foi o prazo dado pela fábrica de chocolates para apresentar um plano e viabilizar o pagamento de cerca de 40 pessoas demitidas entre 2018 e 2019 e que não receberam parte de suas verbas rescisórias. O valor devido pela Pan gira em torno de R$ 500 mil.

Segundo o advogado do sindicato, Roberval Pedrosa, a entidade obteve permissão do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) para penhorar parte do faturamento da empresa, assim como contas. “Há alguns dias, a Pan entrou em contato e informou que tentará apresentar em duas ou três semanas plano com mecanismos legais para executar os pagamentos pendentes.”

Outros 20 ex-colaboradores que não tiveram acordo proposto pela empresa, segundo Pedrosa, aguardam audiência. “Aqueles que têm menos tempo de casa receberam mais parcelas, já os que possuem anos de companhia, receberam menor quantia”, contou.

Ontem, dez dias após a primeira manifestação, cerca de 30 ex-funcionários voltaram à porta da Pan em protesto à ausência de respostas. “Alguns não vieram porque não têm nem o dinheiro para passagem”, disse um dos presentes, que pediu sigilo. Desligado em março de 2018, o mecânico de refrigeração industrial foi funcionário da Pan por 13 anos. “Recebi 70% do que tenho direito. Mesmo com salário 50% menor, a sorte é que logo consegui outro emprego, porque tenho financiamento da casa para pagar. Tenho duas filhas e sou casado. Mesmo assim, preciso receber o que é meu de direito, trabalhei para isso.”

Para outro casal a situação é ainda mais delicada. O marido trabalhou por 24 anos na Pan como soldador da manutenção e, a mulher, na produção do pão de mel, por 15 anos. Ambos não receberam nem 1% das verbas rescisórias. O casal paga aluguel e tem dois filhos. “Estou desempregado e já fiquei em casa de família. Eles nos devem uma resposta”, disse o soldador, que recebeu o seguro-desemprego até julho e, quando este terminou, não conseguiu mais pedir o auxílio emergencial.

Mesmo no caso de outra ex-funcionária que atuou na fábrica por 24 anos na linha de produção e que conseguiu o auxílio, ela não consegue se alimentar, pagar a prestação da casa e o INSS com R$ 600. “Fui demitida faltando um ano e dois meses para me aposentar. Tenho problema na coluna, mas preciso conseguir trabalho, mesmo que seja como diarista.”

A loja, que foi fechada no início da pandemia causada pelo novo coronavírus em março estava prevista para reabrir ontem. Porém, seguia fechada e com informativo de que está em reforma. Contatada, a Pan não se pronunciou.

DESEMPREGO

Ontem, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Mensal) Covid-19, e mostrou que a pandemia do novo coronavírus fez o número de desempregados no País subir 20,9% entre maio e julho. Somente no mês passado, a taxa cresceu de 12,4% para 13,1%, atingindo 12,3 milhões de pessoas. O estudo apontou também que 4 milhões recorreram a empréstimos durante a pandemia.

(Colaborou Soraia Abreu Pedrozo)
 




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