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EC Santo André: o auge perpetuado

Um livro maravilhoso conta a história em detalhes inéditos da conquista da Copa do Brasil pelo Ramalhão em 2004

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
05/07/2020 | 00:01
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“O Vladimir Bianchini, do site da ESPN, tem pronto um livro sobre a conquista da Copa do Brasil de 2004 pelo Santo André. Antes da pandemia, estava para lançá-lo, em uma edição do autor.” Celso Unzelte

Nesta quarentena, Domingos Antonio D’Angelo Jr, do Memofut, divulgou um vídeo focalizando a campanha do Paulista, de Jundiaí, campeão da Copa do Brasil em 2005. Fantástico. Respondemos que o EC Santo André deveria fazer o mesmo. Foi então que Celso Unzelte nos falou deste livro do jornalista Vladimir Bianchini.

Entramos em contato com Bianchini, que nos enviou os originais. São 40 capítulos. Você não consegue parar a leitura. O leitor se sente nos cenários descritos: os estádios, os campos de treinamento, os vestiários, o ônibus e o avião com a delegação, o hotel onde atletas, comissão técnica e dirigentes se hospedam antes dos jogos, os bares onde os jogadores festejavam as vitórias e choravam as derrotas, os segredos das concentrações.

A bronca do técnico, o xingamento entre companheiros de equipe, o diálogo num Maracanã lotado na final.

– Simon, acaba logo pelo amor de Deus!

– Calma, Gaúcho. Joga a tua bola que falta pouco, retrucava o juiz que dirigiu a finalíssima com o Flamengo naquela noite de 30 de junho de 2004. 

Os reservas do Ramalhão fazem a festa no banco de reservas.

E a grande Ivete Sangalo não cantou “Poeira, poeira, poeira. Levantou poeira”...

Amanhã Memória apresentará o jovem Vladimir Bianchini, autor deste livro – repetimos – maravilhoso. Neste domingo, transcrevemos, na íntegra, o introito de Eles Calaram o Maracanã, com a vontade de antecipar, aqui, os 39 outros capítulos, verdadeiras crônicas, escritas com emoção, técnica jornalística e literária e muito amor.

O palco armado não é para vocês 

Texto: Vladimir Bianchini Filho

Faltavam poucas horas para o jogo mais importante da vida daquele grupo de jogadores. 

Era impossível não estar nervoso naquele momento. Sérgio Soares não conseguia parar quieto um minuto. Não havia dormido na noite anterior. Andava de um lado para outro tentando controlar a ansiedade. Na ausência de Péricles Chamusca, suspenso, era ele quem teria a difícil missão de comandar o Santo André do banco de reservas naquela final contra o Flamengo. 

Mais do que pensar na estratégia, o auxiliar técnico precisava passar calma. Não deixar se intimidar com o ambiente desfavorável. A maioria dos seus atletas nunca tinha sequer pisado no Maracanã. Como suportariam a pressão de mais de 72 mil pessoas torcendo contra? 

Sérgio resolveu subir ao gramado para sentir como estava o clima nas arquibancadas. Ficou por alguns minutos observando os flamenguistas, que não paravam de cantar a música Sorte Grande (Poeira), grande hit do Carnaval de 2004 na voz de Ivete Sangalo e praticamente um hino extraoficial do clube rubro-negro naquele momento. 

“Poeira, poeira, poeira. Levantou poeira”... A confiança dos rubro-negros era total, mas o que mais chamou atenção do auxiliar técnico foi um palco armado entre os bancos de reservas.

Ao avistar o repórter Fernando Fernandes, da TV Record, ele perguntou: 

“Fernandinho, para que esse troço aí?” 

“Sérgião, os caras tão falando que a Ivete vai cantar aí hoje no título. Deve estar tudo armado para a festa, inclusive o palco. A Ivete só está esperando o jogo terminar.” 

“Ah, é? Tá bom”, retrucou Soares com ironia. 

O ex-volante sentiu que o menosprezo adversário seria sua melhor arma. Quando desceu de volta do túnel do vestiário já sabia como faria sua preleção. Ela seria curta e grossa. Sem invenções. 

“Vão lá no campo, tem um negócio diferente. Tem um palco armado para um show, mas que não foi feito para vocês. Vão deixar os caras cantarem <CF160>Poeira</CF> em cima de vocês?”


Diário há meio século

Domingo, 5 de julho de 1970; ano 12; edição 1275

Santo André – Triste e cômica: esta é a imagem de uma rua. A reportagem focalizava as péssimas condições da Rua Bernardo Guimarães, em Vila Luzita.

Social – Casavam-se, em Ribeirão Pires, o jornalista Eduardo Camargo e Maria de Lourdes. Ele, editor da coluna Nos Bastidores, do Diário.

Em 5 de julho de...

1915 – Depois de visitar, na véspera, São Bernardo, dom Duarte Leopoldo e Silva, arcebispo metropolitano, realiza visita pastoral à Paróquia de Santo André.

1920 – Itália proíbe reuniões públicas com mais de cinco pessoas e também a circulação de automóveis.

1930 – O governo do Estado proíbe exploração de jazidas de quartzo em seus terrenos no Alto da Serra (Paranapiacaba).

1960 – DER (Departamento de Estradas de Rodagem) vai abrir concorrência pública para a construção de passagem superior sobre a estrada municipal dentre Rudge Ramos e Vila Pauliceia, na Via Anchieta (km 15.845).

Nota – Ali está hoje o chamado viaduto da Mercedes-Benz, outrora viaduto da capelinha da Record.

Eleições presidenciais: rede de emissoras de rádio transmite o comício de Jânio Quadros diretamente de Osasco. Da rede participa a ABC, de Santo André.

Santo do dia

- ANTONIO MARIA ZACCARIA. (Cremona 1502-1539). Médico e padre. Fundador da Ordem dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas) e da Congregação das Freiras Angélicas de São Paulo.

Municípios brasileiros

- Hoje é o aniversário de Fernando Prestes, elevado a município em 1935, quando se separa de Monte Alto.

Fonte:IBGE.




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