Internacional Titulo
Hamas se tornou inimigo nº 1 de Israel
Por Da AFP
22/03/2004 | 12:33
Compartilhar notícia


Principal grupo extremista islâmico, o Hamas - cujo fundador e líder espiritual, o xeque Ahmed Yassin, 67, foi assassinado num ataque israelense nesta segunda - se converteu durante a Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense) no inimigo "número um" de Israel.

Autor da maioria dos atentados suicidas antiisraelenses, o Hamas viu sua popularidade aumentar de maneira espetacular desde o final de setembro de 2000, em detrimento do Fatah de Yasser Arafat, que controla a Autoridade Nacional Palestina.

Em Israel, depois que o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, anunciou sua intenção de esvaziar a faixa de Gaza, muitos advertiram para o risco de que o Hamas assuma o controle desse território.

O Hamas - acrônimo em árabe para Movimento de Resistência Islâmica - foi criado em 14 de dezembro de 1987, pouco antes da primeira Intifada, por um grupo de militantes islâmicos que diziam fazer parte dos Irmãos Muçulmanos, entre os quais se encontrava o xeque Yassin.

O objetivo do Hamas era contra-atacar a influência do Jihad Islâmico, um pequeno movimento integrista de inspiração pró-iraniana, mas também a do Fatah, ao qual criticava por sua amplitude multiconfessional e pelo fato de dar prioridade à luta nacionalista e à independência, deixando de lado o aspecto de ajuda social.

Ao longo dos anos, o Hamas desenvolveu uma ampla rede de ajuda social e de obras de beneficência, principalmente escolas, o que explica sua influência crescente nos territórios palestinos. No início, Israel permitiu e, inclusive, incentivou discretamente os integristas a estender sua influência na faixa de Gaza, a fim de enfraquecer o Fatah.

Acirrado opositor aos acordos de Oslo de 1993 sobre a autonomia palestina, que culminou na criação da Autoridade Nacional Palestina, o Hamas é partidário da criação de um Estado islâmico no conjunto do território palestino, do Mediterrâneo ao Jordão, ou seja, englobando Israel, que, segundo a formação, deve ser destruído.

Nos últimos meses, o Hamas começou, no entanto, a mudar, contemplando pela primeira vez a possibilidade de aceitar, de maneira temporária, a criação de um Estado palestino independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza, com Jerusalém Oriental como capital, ou seja, os territórios ocupados por Israel na guerra dos Seis Dias, em junho de 1967.

Alguns analistas palestinos viam nesta evolução o início de uma participação do Hamas na vida política e na gestão da faixa de Gaza depois de uma retirada israelense. O Hamas negou-se a participar das eleições organizadas em 1996 nos territórios palestinos, convertendo-se na principal oposição à Autoridade Nacional Palestina.

Mortes - O braço armado do Hamas, Izzedin al Qassam, é responsável pelos mais sangrentos ataques antiisraelenses, que causaram centenas de mortes desde 1994. Em fevereiro e março de 1996, o Hamas cometeu três dos quatro atentados suicidas que deixaram mais de 50 mortos em Israel, contribuindo para o bloqueio do processo de paz e a volta da direita nacionalista ao poder em Israel, nas eleições de maio daquele ano.

Há mais de três anos, o Hamas e seu braço armado se puseram como ponta-de-lança da Intifada, realizando inúmeros ataques suicidas em território israelense, em alguns casos em consenso com outros grupos armados palestinos.

O mais recente deixou dez mortos no porto de Ashdod (sul), em 14 de março, e a resposta de Israel, que decidiu intensificar seus ataques e "assassinatos seletivos", foi a operação que eliminou Yassin. Antes da morte do xeque, o Hamas havia sido alvo de várias operações de assassinatos dirigidas pelo Exército israelense.

Em setembro de 2003, a União Européia (UE) incluiu o Hamas na lista das organizações terroristas. O movimento conta com um número de entre 700 e 1,2 mil militantes ativos e milhares de simpatizantes, segundo os especialistas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;