Memória Titulo
Aos 97 anos, as lembranças do batateiro João Gava

João Gava celebra hoje 97 anos de idade. É são-bernardense

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
26/04/2010 | 00:00
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João Gava celebra hoje 97 anos de idade. É são-bernardense. Nasceu na Linha Rio dos Meninos, hoje bairro de Rudge Ramos, em 26 de abril de 1913. É marceneiro, continua na ativa. Você tem uma mesa para construir, uma cadeira para consertar, uma cômoda para reformar? Procure-nos que indicamos o paradeiro de João Gava, que depois do falecimento da segunda mulher, ocorrido em 2009, mudou-se de Ribeirão Pires para Santos.

Pois quem escreve Memória hoje é João Gava. Literalmente. Em letra de forma, firme, nenhum pouco trêmula, Gava nos lega os tópicos que se seguem. São sete páginas de histórias e saudades.

A CIDADE
Saudade da Vila de São Bernardo de 1923 a 1943. Tempo das fábricas de móveis. Na época eram todos amigos e todos se conheciam, cumprimentavam-se. Havia uma pessoa para tudo. Tempo das comadres. Costumava-se pedir uma caneca emprestada de feijão, arroz ou açúcar.

LEITE FRESCO
Às 6h aparecia o Antenor Grotti de casa em casa. Era o leiteiro de São Bernardo. Deixava o litro de leite encostado na porta da frente, leite tirado na hora de uma das vacas que os Grotti criavam em sua colônia, no Jardim Calux de hoje.

OS PROFISSIONAIS
Para cada tarefa comunitária, um especialista: dona Valentina cuidava do correio, dona Maria Miele era a ortopedista, Chico Ongaro, o castrador de animais, dona Maria, a parteira, Zambaldi, o soldador de panelas e caldeirões velhos, Chico Sapateiro, o homem que cuidava da meia-sola de sapato.

As duas irmãs Eboli eram as telefonistas no tempo da manivela. Chico Martin, da família Visentainer, na Linha Jurubatuba, hoje bairro Assunção, era o benzedor. Cuidava de qualquer problema de saúde.

Tínhamos o Lulu barbeiro, o Antonio Margonari alfaiate, Mister (um argentino) e Zanela os mecânicos.

Os carros de aluguel eram dirigidos por João Pinto e Floriano Monteiro, gente antiga do lugar.

AS FESTAS
O destaque era a procissão dos carroceiros. A Rua Padre Lustosa, no Largo da Matriz, ficava repleta de prendas em forma de sacos de repolhos, batatas, mandioca, metros de lenha, sacos de carvão, cabritos e porcos: tudo em benefício da festa, que durava uma semana.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Sábado, 26 de abril de 1980

Manchete - Concentrações dos grevistas não vão mais ser toleradas, declara Romeu Tuma, diretor do Dops paulista; e os metalúrgicos se concentram em Santo André

Editorial - Pacto de honra, para acabar-se a greve

Política - PSD será lançado hoje em Diadema

Primeiro plano (Eduardo Camargo) - Brasil aguarda a TV a cabo.

EM 26 DE ABRIL DE...

1945 - Desapropriada área na Vila América destinada à construção de praça de esportes, semente do futuro ginásio Pedro Dell'Antonia e estádio Bruno José Daniel.

1948 - Sociedade Amigos de São Caetano faz a entrega de representação à Assembleia Legislativa, solicitando a emancipação do Distrito de São Caetano, que pertencia a Santo André.

MUNICÍPIOS PAULISTAS

Monteiro Lobato (antigo Buquira). Elevado a município em 26 de abril de 1880, quando se separa de Jacareí.

Tabatinga. Elevado a município em 1925, quando se separa de Ibitinga.

HOJE

Dia do Engraxate, Dia do Goleiro, Dia do Sacerdote e Dia da celebração da primeira missa no Brasil.

SANTOS DO DIA

Anacleto, Clarêncio, Exuperância, Lucídio, Marcelino (na estampa), Pascoal e Senhora do Bom Conselho.

FALECIMENTOS

SÃO BERNARDO
Gertrudes Benicio de Arantes, 96. Dia 19. Cemitério da Vila Euclides.

Maria Francisca Amor Buchina, 94. Dia 17. Cemitério da Vila Euclides.

João Vieira de Morais, 84. Dia 24. Cemitério da Vila Euclides.

Antonio Tartari Neto, 68. Dia 21. Cemitério da Vila Euclides.

PIERINA NOZE RAVELLI
(Verona, Itália, 27-6-1907 - São Caetano, 13-4-2010)

A Itália e o Brasil marcaram a vida de Pierina Noze Ravelli. Na Itália, uma infância passada antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a adolescência e a juventude, quando se casa com José Ravelli e tem os dois primeiros filhos, Arlindo e Neusa. No Brasil, o acompanhamento do marido, que consegue emprego de mestre na extinta Usina Olímpia, que ficava em São Paulo.

Em São Paulo nascem os quatro filhos brasileiros: Oswaldo, Mafalda, Odete e Nilson. Depois, a mudança para São Bernardo, onde curte as lembranças de uma Itália distante. "Ela era reservada, mas tinha excelente memória e gostava de lembrar os tempos antigos na Itália", conta a filha Odete.

O marido e os filhos italianos faleceram há vários anos. Os filhos brasileiros deram a ela sete netos e quatro bisnetos. E ela parte aos 102 anos. Ultimamente, por problemas de saúde, estava internada no Abrigo Irmã Tereza, da Vila Gerty. Hoje repousa no Cemitério da Cerâmica.




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