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Botelho quer transformar entidade na mais poderosa do país
Por Do Diário do Grande ABC
29/07/1999 | 20:53
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O presidente do Movimento Uniao Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho, disse nesta quinta-feira, após conseguir o acordo com o governo, que pretende transformar o movimento "na entidade mais poderosa do país", com influência no mundo. Em apenas 24 horas, o líder passou de "suposto líder do movimento", como foi tratado nas negociaçoes de quarta-feira, a "porta-voz" do movimento. Teve até a prerrogativa de anunciar publicamente as medidas do acordo e divulgar a suspensao de aumento no preço do óleo diesel, enquanto era observado pelos ministros dos Transportes, Eliseu Padilha, do Trabalho, Francisco Dorneles, e da Justiça, José Carlos Dias. Padilha justificou a mudança de tratamento dizendo que o governo identificou Botelho como líder do movimento, pois nas negociaçoes em Sao Paulo ele foi apontado por outros 20 líderes como o porta-voz do grupo.

O sucesso da paralisaçao, que ameaçou o abastecimento nas principais cidades do País, foi a concretizaçao de um sonho de Botelho, derrubado em 1985 pelo entao presidente José Sarney. Ele foi um dos líderes de um movimento que pretendia criar uma federaçao dos caminhoneiros. Diante da recusa do governo em aceitar a reivindicaçao, os caminhoneiros bloquearam a via Dutra. A paralisaçao durou apenas uma noite, pois o governo usou o exército para desobstruir a pista. Desde entao as atividades sindicais ocupam a rotina de Botelho, que há 15 anos tem seu caminhao dirigido por um motorista contratado. Ele começou a dirigir caminhao aos 25 anos e ficou na atividade por cerca de 18 anos, até 1984. Desde entao Botelho investiu na organizaçao do movimento e tem um programa diário na Rádio Globo do Rio, que vai ao ar às 4h45, de segunda a sexta-feira, e às 21h30 aos sábados.

A conduçao do movimento fez que em alguns meios do governo vissem Botelho como uma versao sobre rodas do líder da Força Sindical Luís Antônio de Medeiros. Tornou-se um interlocutor do movimento a ser preservado pelas autoridades. As mesuras nao tardaram a aparecer, e segundo o próprio Botelho foi-lhe oferecido até jatinho da Força Aérea para trazê-lo a Brasília, para as reunioes. Ele diz que recusou a oferta "para manter a independência".

Na entrevista convocada nesta quinta-feira por Padilha para anunciar o fim do locaute, Botelho teve tratamento especial, recebendo inclusive uma sala anexa ao gabinete de Padilha para continuar a conversa com os jornalistas. Na agenda apertada pela súbita notoriedade, Botelho teve que arranjar um espaço rápido para uma nova reuniao com o ministro do Trabalho, antes de voltar ao Rio de Janeiro. No momento de abandonar a ante-sala de Padilha, o líder ainda teve tempo de receber os cumprimentos do secretário de segurança de Minas Gerais, o deputado licenciado Mauro Ribeiro Lopes, ex-funcionário da Polícia Rodoviária Federal: "Parabéns, estamos à disposiçao lá na secretaria", apressou-se Lopes antes de ver Botelho ser arrastado por seus assessores.

Apesar das boas relaçoes com as autoridades, o líder alerta que a categoria espera que a maioria das reivindicaçoes seja atendida, pois eles nao trabalham "com promessas e fantasias". Essa foi a razao, segundo o líder, de nao ter havido acordo entre o governo e o movimento durante a reuniao realizada nesta quinta-feira em Sao Paulo. E disse ainda que, se houver fatos que desagradem à categoria, ela poderá se mobilizar novamente. Como soluçao para reduzir o pedágio para os caminhoes, Botelho sugeriu que a tarifa seja aumentada para os automóveis e ônibus.




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