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Jovem Alice de Tim Burton chega às telonas da região
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
23/04/2010 | 07:00
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Enfim, a espera acabou. O fantástico mundo de Alice, o fantasioso país com que gerações inteiras sonharam e tentaram se transportar pela imaginação, agora ganha sua edição quase palpável, com a estreia de "Alice no País das Maravilhas", de Tim Burton, que estreia hoje em todos os cinemas da região.

Alice é repleto de camadas. Chãos, céus, objetos, plantas e animais, tudo é de uma acuidade e destaque, que é impossível não embarcar no mundo subterrâneo em que a mocinha se perde. Todo filmado em 2D e depois adaptado para 3D, até o mínimo detalhe ganha contorno e transparece das telas.

A história não é o ponto forte. Há uma mescla que configura a clássica Alice e a transporta para o mundo subjetivo de Burton, apesar do diretor suavizar a ideia de que o filme é tão sombrio quanto a maior parte de suas obras.

A mocinha, no filme, vivida pela desconhecida Mia Wasikowska , está com 19 anos e de volta ao mundo com que sonhava na infância. Lá, é esperada por todos para cumprir a profecia e salvar o reino das mãos da cruel Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter). No começo, ninguém acredita que a loira é a mesma que esteve no mundo subterrâneo quando criança. A própria Alice desacredita, e espera, praticamente o filme inteiro, despertar do sonho e voltar da realidade. Taí o filme todo, o que não é novidade para ninguém. O acréscimo é a luta entre a protagonista e o dragão, que é a missão da jovem para libertar o reino das mãos da vilã.

A adaptação parte do livro "Alice Através do Espelho", também de Lewis Carroll, que conta essa mesma história. Resquícios do conto de fadas original estão presentes, mas são incapazes de dar ao filme a aura de grande clássico.

Alice é amorfa. Em nada se assemelha àquela criança curiosa que conhecemos. Todos os personagens, aliás, não ganham o devido destaque, e perdem o ponto de referência com que ficaram marcados em nossas memórias. Com exceção da Rainha Vermelha.

A desequilibrada cabeçuda personagem de Helena é multidimensional. Ao mesmo tempo em que ganha características muito fortes pelos efeitos criados por Burton, é humanamente delineada. Na mínima cena ou numa fala qualquer, está evidente que sua tirania é fruto da insegurança que tem por ser diferente.

Johnny Depp como o Chapeleiro Maluco, pelo roteiro fraco, fica um pouco atrás, mas preserva as mesmas características e encanto que se vive com Helena.

Tim Burton mesmo disse que sua missão nesse filme era humanizar o filme. Talvez não tenha se tocado de que fábulas e contos de fada trabalham com a realidade expandida. Porque é no exagero, na caricaturização das personalidades, que o humano pega o exemplo. E passa a admirar a obra.




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