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Favelas do mundo terão 1,4 bilhão de habitantes em 2020
Da AFP
15/06/2006 | 16:25
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As favelas do planeta terão 1,4 bilhão de habitantes em 2020, a mesma população da China, estimou nesta quinta-feira uma entidade das Nações Unidas, apelando para os governos que acompanhem esta urbanização irreversível antes de tentar freá-la.

Atualmente, a Terra conta com perto de um bilhão de seres humanos amontoados em favelas, perto de uma cidade em cada três, destacou o ONU-Hábitat (Programa das Nações Unidas para os Estabelecimentos Humanos) em seu relatório sobre o estado das cidades do mundo 2006/2007.

A população das favelas aumenta em 2,2% ao ano, particularmente na África negra, onde a taxa de crescimento anual supera os 4,5%, segundo o documento, publicado a cada dois anos.

O ritmo mundial se acelera: até 2020, estes bairros deserdados deverão aumentar a população em 27 milhões de pessoas suplementares ao ano contra 18 milhões em média entre 1990 e 2001.

No começo do ano que vem, o número de moradores das cidades deverá pela primeira vez se igualar àqueles das áreas rurais na superfície do globo. Se isto é fato na Europa, depois da Segunda Guerra Mundial, a África e a Ásia não deverão alcançar esta meta antes de 2020.

Mas os países em desenvolvimento recuperam rapidamente seu atraso. Mais de 95% do crescimento urbano se fará nos países do sul e em 2030, os moradores das cidades serão cerca de 5 bilhões para uma população total de 8,1 bilhões de seres humanos.

A ONU-Hábitat fixou como meta limitar a população das favelas em cerca de 700 milhões de habitantes em 2020.

"O crescimento econômico não leva automaticamente à assimilação das favelas", observou Eduardo Moreno, um dos autores do estudo, antes de pedir uma política voluntária de melhoramento do hábitat urbano.

Os países do Norte da África, particularmente o Egito, dedicados há 10 ou 15 anos neste tipo de política, obtiveram resultados e a população das favelas começou a diminuir nesta região, destacou Moreno em declarações à imprensa.

Em alguns casos, os governos melhoram as condições de vida nas favelas ao fornecer água, esgoto, eletricidade ou ainda ajuda técnica na construção de casas. Mas quando os bairros são construídos em áreas perigosas, com riscos de inundação, por exemplo, não há outra escolha que realojar os habitantes em outro local, segundo a ONU-Hábitat.

Ao contrário das idéias concebidas, a vida nestas zonas urbanas desfavorecidas não é melhor do que nas áreas rurais, segundo a entidade, que calculou vários indicadores de desenvolvimento humano.

Nos países pobres, as favelas têm 40% de crianças desnutridas, o mesmo percentual registrado no campo. As taxas de mortalidade infantil são similares e a prevalência de HIV-Aids e diarréia são piores na área urbana.

Mas não se trata de forçar os moradores a voltar para o campo, declarou Sharad Shankardass, porta-voz da ONU-Hábitat. "As pessoas têm o direito de andar com suas próprias pernas", declarou.

A ONU-Hábitat sugere ainda aos Estados que revejam sua política de apoiar o campo na esperança de que os habitantes de áreas rurais não tentem a vida na cidade.

"As cidades oferecem chances (de encontrar um trabalho). Ir para a cidade é o primeiro passo rumo a uma saúda da pobreza para muitas pessoas que vêm do campo", observou Nefise Bazoglu, que dirigiu a redação do relatório.




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