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Invasão mostra organização do MTST
Por João Guimarães
Do Diário do Grande ABC
07/04/2008 | 07:00
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Olhando um acampamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) do lado de fora, o que se vê é um amontoado de barracas de lona preta, lama, cachorros perdidos e pessoas esperançosas, um verdadeiro caos. Ao contrário disso, a estrutura deste polêmico movimento apresenta uma organização com hierarquias, departamentos, cartilhas e até um manifesto.

 Diferente dos moradores humildes que vêem no grupo uma chance de moradia, o MTST conta com um bom suporte técnico. O grupo tem o auxílio de diversos universitários simpáticos à causa. A assessoria de imprensa, por exemplo, é feita por alunos de Comunicação da Capital. Em alguns casos, como o do acampamento Anita Garibaldi, em Guarulhos, o desenho das ruas é feito por alunos da faculdade de arquitetura da USP.

 A advogada do grupo no andamento do processo do terreno de Mauá, por exemplo, é Eliana Lucia Ferreira, candidata à Prefeitura de São Bernardo nas últimas eleições.

 O movimento nacional conta com coordenações estaduais. Estas, por sua vez, são divididas em coletivos regionais, compostos por militantes moradores da região. “No Estado de São Paulo temos os coletivos ABC, Sudoeste e Campinas”, afirmou o coordenador estadual de São Paulo, João Batista. “Estes coletivos são responsáveis pelas tomadas de decisões do movimento”, disse.

FUNÇÕES

Uma destas divisões é responsável por analisar as áreas passíveis de serem ocupadas. De acordo com Batista, são utilizados três critérios na escolha. Em primeiro lugar, os militantes fazem uma análise com os moradores do entorno do terreno. “Verificamos se a área está sendo usada ou não e se os moradores concordam com isso”, disse. Segundo ele, esse é o principal critério, pois a opinião dos vizinhos acaba sendo favorável. “Se o proprietário não produzir, o movimento entra”, explica a coordenadora do acampamento de Mauá, Helena Silvestre. “Nós fazemos valer o social”, disse. Este primeiro critério nem sempre funciona, uma vez que, no caso de Mauá, a população local está descontente com os novos vizinhos.

 Em seguida vem a geografia da região. “O MTST não ocupa áreas de mananciais ou encostas de barrancos”, disse Batista. Por último eles analisam a situação do local, documentação, se existem débitos com a Prefeitura e até mesmo se o dono está tentando se desfazer da área. Batista afirma que o grupo não tem informações privilegiadas a este respeito. “Tendo o número de inscrição do terreno, qualquer cidadão pode ter acesso às informações de dívida”, afirmou.

MAUÁ

 Dez dias após o assentamento no Jardim Olinda, em Mauá, a desorganização interna já ficou pra trás. As barracas das 1.532 pessoas do local estão divididas em grupos. A cada 30 famílias, existe um coordenador responsável por participar das reuniões gerais e repassar para os ocupantes “O movimento não quer construir favelas, esta organização reflete isso”, afirma Batista.



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