Alberto II, que reina desde meados de 1993, quando a Bélgica se converteu em Estado federal, pôde constatar, desde entao, que essa modificaçao institucional nao tem contribuído para aproximar os flamencos dos francófonos, mas sim para agravar as diferenças.
O Parlamento regional flamenco votou, em março passado, uma série de reivindicaçoes em favor de uma maior autonomia de Flandres, que certas organizaçoes fracófonas qualificaram de ``separatistas'. E Vlaams Blok, partido flamenco de extrema direita que prega a divisao da Bélgica, se converteu, nas eleiçoes gerais de junho passado, no terceiro partido político de Flandres, com 15% dos votos.
Na última Mensagem de Natal do Rei, transparecem as preocupaçoes com a unidade do país. ``No próprio seio do país, a paz pode ser frágil (...) Nossas comunidades lingüísticas possuem cada uma seu próprio gênio (...) Continuarei repetindo sempre que a diversidade bem vivida é o futuro de nosso país, (...) Cada um de nós deve assumir suas responsabilidades e rechaçar resolutamente tudo o que divide ou separa', disse Alberto II.
Nesse contexto, mesmo que o Palácio Real nao o admita explicitamente, o casamento do príncipe Felipe, herdeiro do trono, é um símbolo de unidade nacional que sua futura esposa encarna perfeitamente.
Mathilde d'Udekem d'Acoz, 26 anos, fala perfeitamente o francês e o flamenco (o que nao é o caso da atual rainha, Paola) e em sua família há pessoas dos dois grupos que compoe a populaçao do país. Sobretudo, será a primeira rainha de origem belga da história de seu país, depois de uma francesa, uma alema, uma sueca, uma espanhola e uma italiana.
``Mathilde encarna o futuro institucional de nosso país, a imagem de uma Bélgica una e indivisível. O país, com todos os seus componentes, sente talvez em seu íntimo que este casamento é um acontecimento existencial', declarou o ministro das Relaçoes Exteriores, Louis Michel.
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