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PM inicia ações contra assaltantes motoqueiros
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
24/04/2006 | 08:09
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A Polícia Militar está de olho nos motoqueiros que circulam pelo Grande ABC. O objetivo é dificultar a vida de ladrões que utilizam motocicletas em assaltos e outros crimes – como entrega de drogas a domicílio e escolta de seqüestros relâmpagos. Desde o dia 1º, todas as viaturas da PM estão orientadas a vistoriar no mínimo uma moto por hora durante o serviço. Até o dia 17, 11.065 veículos haviam sido parados pelos policiais, com 15 pessoas presas, sete armas encontradas e 354 motos apreendidas.

Para o major José Quesada Farina, do comando da PM na região, o mais importante nessa estratégia é a polícia mostrar no dia-a-dia que está voltando uma atenção especial aos motociclistas. “Pretendemos, assim, tirar a vontade do ladrão de usar a moto na prática de crimes”, diz o major.

Em análise preliminar dos índices criminais deste mês, a PM chegou à conclusão de que as vistorias em motocicletas estão tendo efeito. As ocorrências de roubo em abril do ano passado foram de 1.712 casos no Grande ABC. Neste mês, até o dia 17, foram apenas 253 registros desse crime.

O roubo de carro também apresentou recuo na região desde o início de abril. Foram 178 veículos levados por assaltantes até a metade deste mês, contra 1.125 em todo o mês de abril de 2005. Outros tipos de crimes sinalizaram o mesmo decréscimo, de acordo com dados do Infocrim, o sistema de informações da polícia.

“Notamos uma tendência de queda, mas não há uma certeza absoluta de que essa diminuição brusca vai se consolidar no fim do mês e depois”, disse o major Quesada. Ele acredita haver ligação entre a ação de fiscalizar motociclistas e a contenção parcial dos crimes. Mas a PM também ressalta que o fato de este mês contar com dois feriados emendados pode ter contribuído.

Muitos ladrões optam pela utilização de motos porque facilita a fuga. Sobre duas rodas, eles podem subir na calçada, entrar na contramão, costurar o trânsito e se esconder. Fazem tudo com mais agilidade, driblando as viaturas da polícia. Geralmente, usam motos de 125 e 150 cilindradas, as mais baratas. Ultimamente, os criminosos andam com mulheres na garupa para despistar as vítimas.

No cotidiano de delegacias no Grande ABC, são rotineiras queixas de pessoas que relatam assaltos cometidos por motoqueiros e garupas. Crimes esses geralmente praticados em saídas de agências bancárias, semáforos ou na entrada da própria garagem da vítima. Mas a leveza das motocicletas também é cobiçada por estupradores, assassinos e outras pessoas “fora da lei”, inclusive para dar cobertura a carros dirigidos por reféns em seqüestros rápidos.

Outra modalidade, esta inventada por traficantes, é o delivery das drogas. O entregador de entorpecentes não raro vai de moto na casa do consumidor. Na garupa, um baú com nome de uma empresa fictícia, para simular o trabalho de um motoboy. Ladrões já foram presos em flagrante atuantes no delivery do tráfico na capital. No Grande ABC, embora ninguém tenha sido detido de motocicleta entregando drogas, a PM afirma que homens abordados confessaram fazer esses serviço e há denúncias anônimas sobre a prática.

Com o surgimento da figura do motoqueiro-bandido, tem se tornado comum as pessoas evitarem motociclistas nas ruas. Mas o presidente da Abram (Associação Brasileira de Motociclistas), Lucas Pimentel, diz apoiar as vistorias da polícia. “Só na capital, cerca de 900 motos são roubadas por mês. É mesmo necessário limpar um pouco, porque o uso da moto pelo criminoso denigre a imagem dos motoqueiros de modo geral”, disse Pimentel.



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