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Briga entre ACM e Jáder constrange senadores
Do Diário do Grande ABC
06/04/2000 | 00:08
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Um clima de constrangimento tomou conta nesta quarta-feira do Senado Federal, depois de mais um capítulo da briga entre o presidente da Casa, Antonio Carlos Magalhaes (PFL-BA), e o presidente do PMDB, senador Jáder Barbalho (PA), que trocaram acusaçoes de corrupçao diante de um plenário repleto. Antonio Carlos ocupou a tribuna e inicialmente surpreendeu com um discurso mais ameno que o esperado. Jáder carregou nas palavras e chegou a mandar que o pefelista se calasse.

A briga começou na semana passada, numa discussao sobre o aumento do salário mínimo. Jáder disse nesta quarta-feira que estava sendo usado para desviar a atençao da denúncia feita por Nicéa Camargo, ex-mulher do prefeito de Sao Paulo, Celso Pitta. Ela acusou Antonio Carlos de ter pressiona Pitta a pagar uma dívida com a empreiteira OAS, do ex-genro do senador pefelista.

"Calado" - Ao tentar um aparte, Antonio Carlos foi repelido por Jáder como nunca se viu antes no Senado. "Calado. Ouça caladinho aí. Nao lhe concedi o aparte", disse. O senador pemedebista a abertura de processo no Conselho de Ética contra Antonio Carlos e disse este nao tem autoridade para presidir o Senado.

Depois de um discurso considerado brando, em que autorizou a Mesa do Senado a quebrar o sigilo de suas quatro contas bancárias, Antonio Carlos passou a exibir manchetes de jornais acusando Barbalho de corrupçao e disse que o pemedebista cometeu "furtos" que prejudicaram o país. "Vossa Excelência é o ladrao", afirmou, exibindo reportagem sobre o governo de Jáder no Pará.

Antonio Carlos entregou ao 1º vice-presidente do Senado, Geraldo Mello (PSDB-RN), cerca de 20 pastas com documentos sobre o que disse serem irregularidades cometidas por Jáder no governo paraense e nos ministérios da Previdência e Reforma Agrária. "De nada valeu minha piedade crista", ironizou o presidente do Senado. "Procurei ser o mais correto e delicado, até para atender a outros colegas que fizeram o apelo, inclusive o presidente da Câmara, Michel Temer".

Jáder fez alusao à morte do deputado Luiz Eduardo Magalhaes, filho de Antonio Carlos, há quase dois anos. "Vi que passou a ser o objetivo de vida do senador Antonio Carlos impedir uma possível chegada minha à presidência. As vezes a gente coloca coisas como um objetivo de vida, marcas prazos e Deus lá em cima, que assiste a todos nós e é o único que tem poder, muda o curso das coisas", disse.

Antonio Carlos disse que, apesar das divergências com o presidente Fernando Henrique Cardoso na questao do salário mínimo, é "muito muito mais correto" que Jáder. "Nao vivo atrás do presidente a bajulá-lo e sim a aconselhá-lo quando ele merece conselhos", disse, acrescentando que inúmeras vezes Jáder foi ao seu gabinete para "falar mal do presidente".




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