Política Titulo Grande ABC
Apenas dois dos sete prefeitos eleitos obtiveram a maioria dos votos totais

Brancos, nulos e abstenções excederam
apoio a Morando, Lauro, Auricchio, Atila e Kiko

Júnior Carvalho
Diário do Grande ABC
14/11/2016 | 07:00
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Montagem/DGABC


Somente dois dos sete prefeitos eleitos no Grande ABC tiveram a maioria dos votos totais em seus municípios. A soma de sufrágios brancos, nulos e abstenções neste ano superou a adesão a Orlando Morando (PSDB), em São Bernardo; José Auricchio Júnior (PSDB), de São Caetano; Lauro Michels (PV), reeleito em Diadema; Atila Jacomussi (PSB), por Mauá; e Adler Kiko Teixeira (PSB), em Ribeirão Pires. Apenas Paulo Serra (PSDB), em Santo André, e Gabriel Maranhão (PSDB), de Rio Grande da Serra, ultrapassaram as rejeições.

Em números gerais, a maior rejeição ocorreu em São Bernardo, onde a vantagem do não voto foi de 41.638 sufrágios frente ao desempenho de Morando (213.661) (veja tabela completa abaixo). Proporcionalmente, levando em consideração o eleitorado total no município, Atila foi o que menos teve adesão – 42,27% dos aptos ao voto não apoiaram seu projeto nas urnas.

Cientista política e professora da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), Maria do Socorro Sousa Braga analisa que esse cenário representa “forte rejeição à classe política”, impulsionado pelas denúncias de corrupção e ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). “Foram votos de protesto”, avalia. Para ela, os números são preocupantes e ofensivos à democracia. “Se a população não legitima seu governante, que não teve a maioria dos votos gerais, ele tem menos legitimidade, menos segurança e pouco apoio popular para tomar certas decisões”, aponta, ao completar que os eleitos devem ter cautela ao adotar políticas que não agradem à maioria da sociedade. “Esse quadro de rejeição precisa ser mudado. Do contrário, a situação vai piorar e serão eleitos governadores e até presidente da República sem respaldo da maioria dos votos.”

Questionados, os prefeitos eleitos fizeram mea-culpa e prometeram adotar governos transparentes. “A sociedade se distanciou (da política) e, para mim, vem a responsabilidade de executar uma gestão exemplar justamente para resgatar a participação da população junto às políticas públicas e ao trabalho no município”, projetou Morando. Prestes a ir para a terceira gestão, Auricchio sugeriu a adoção de medidas concretas que correspondam à rejeição dos eleitores, como a criação de controladoria geral do município, que será responsável pela fiscalização dos gastos públicos da cidade.

Sem detalhar ações, Lauro promete “governo novo” e “diferenciado”. “Vejo como um recado geral para todos os políticos, não apenas a mim. As abstenções foram muito significativas. Vou procurar absorver e fazer um governo diferenciado para mostrar às pessoas que o resultado pode ser alcançado à medida do possível”, frisou. Atila não atendeu aos contatos.

“O recado que recebemos das urnas se coaduna com o sentimento visto nas ruas. Não se trata apenas de fazer um bom governo, a missão a que somos chamados é para o resgate da autoestima de uma sociedade desacreditada em meio à falência de um modelo de governança sem resultados”, pontuou Kiko.

Praticamente 40% (810.619 pessoas) do eleitorado da região – 2,068 milhões – não votaram em ninguém, anularam o voto ou deixaram de ir às urnas nos dois turnos (São Caetano e Ribeirão Pires não realizam segundo turno). (Colaborou Leandro Baldini)




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