A partir da obra teatral de Fernando Bonassi, Toni Venturi aborda a situação de personagens presos em um espaço amplo. Ao longo de uma hora e meia, o cineasta mostra a transformação de seus personagens, que avançam da bestialidade da loucura e da solidão até a busca de outro horizonte, onde existe verdadeiramente vida.

É o que o próprio Venturi descreveu como "a relação humana básica". "A relação entre um homem e uma mulher", afirmou, ao apresentar o filme ao público de Toulouse na noite desta quinta-feira.

Venturi, nascido em São Paulo, em 1955, começou no cinema há 15 anos; estudou no Canadá, onde foi viver quando tinha 19 anos buscando sua independência e fugindo da repressão da ditadura.

Voltou ao Brasil em 1985, trabalhou com vídeo, em curtas institucionais e na publicidade. Entre 1985 e 1990, terminou seu primeiro curta e, em 1994, conseguiu concluir seu primeiro documentário longa dedicado ao comunista Luiz Carlos Prestes, por quem diz sentir muita admiração.

"Latitude zero" chegará aos cinemas brasileiros no segundo semestre de 2001. Em um país onde há uma sala de cinema para cada 100 mil habitantes, Venturi observa que o sucesso não é garantido, principalmente por essa falta de cinemas. "O cinema deixou de ser uma atividade popular e agora é entretenimento para uma classe média materialista e superficial".

O cineasta se diz satisfeito com o fato de "Latitude zero" ter sido premiado em novembro, no XXXIII Festival de Brasília. Em março, será apresentado em Recife e, em junho, em Fortaleza.

Fora do Brasil, já levou seu filme a Berlinale, e agora irá para Portugal, Estocolmo, Oslo, Kiev, Flórida e Valladolid.