Economia Titulo Mesmo com a crise
Shoppings da região ganham 38 lojas neste ano, mesmo com a crise

Até dezembro, pelo menos mais 18 estabelecimentos abrirão as portas nos centros comerciais

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/08/2015 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC:


Os shoppings do Grande ABC ganharam, neste ano, 38 estabelecimentos. E, até dezembro, serão abertos mais 18, entre lojas, bares e restaurantes. Os dados consideram sete dos nove complexos de compra da região, e todos eles contaram com inaugurações. Apesar de alguns empreendimentos também terem fechado portas – embora os centros comerciais não forneçam números, e aleguem que isso faça parte de rotatividade natural do mercado –, o volume de lançamentos chama atenção devido ao mau momento da economia.

Pesquisas de intenção de compras para as principais datas, como Dia dos Pais, Dia dos Namorados e Dia das Mães, neste ano, mostraram retração no montante que o consumidor da região pretendia deixar no comércio. Os índices de desemprego assustam, batendo recordes que ultrapassam os da outra crise econômica, que teve seu ápice em 2009, mas foi superada com o estímulo ao consumo, juros baixos e acesso ao crédito – o que não foi sustentado ao longo dos anos seguintes e desembocou na turbulência atual.

Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em varejo e hábitos de consumo, pontua que a decisão de inaugurar uma loja é tomada muito tempo antes de sua abertura. “Quando se fala de se estabelecer em um shopping, isso ocorre no mínimo um ano antes. A reversão disso é praticamente impossível, devido ao prejuízo que se teria.” Ele destaca, porém, que apesar da crise, existe uma tendência de cada vez mais o varejo se fortalecer nos complexos de compras, em vez de no comércio de rua. “Quanto maior a oferta varejista, mais o consumidor se sentirá atraído, e menos tenderá a buscar marcas em shoppings de São Paulo. Além de reter o consumidor do Grande ABC na região, atrai também pessoas de cidades vizinhas”, afirma.

O gestor do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, complementa que o cenário é propício para que investidores e pessoas físicas aportem recursos em estabelecimentos comerciais, já que o setor financeiro anda em baixa, com a desvalorização no mercado de ações. “Plantando em tempo de seca eles vão se firmando e se tornando mais conhecidos. Quando a turbulência passar, eles só colherão os frutos”, diz, ao observar que nem todas têm fôlego para passar por momentos de dificuldade.

Prearo explica que a crise de confiança afeta muito mais os setores imobiliário, automotivo, de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Isso porque o consumidor desenvolveu hábitos quando passou a ter maior poder de compra, de 2010 para cá, com a retomada da economia, o que tenta, na medida do possível, manter. “Muita gente que não costumava comer fora de casa passou a fazê-lo. E não abre mão disso, que seja uma vez por semana, no sábado à noite. Se tornou uma forma de lazer.”

Das 38 aberturas, 36,8%, ou 14, são do setor alimentício. E das 18 que irão ocorrer nos próximos meses, 16%, ou três, também. “Bares e restaurantes têm extrapolado os limites físicos das praças de alimentação dos shoppings. Têm ocupado espaços que seriam destinados, originalmente, às lojas”, aponta Prearo.

INVESTIMENTO - Um desses casos, inaugurado nesta semana no ParkShopping São Caetano, é o L’Entrecôte de Paris, restaurante de prato único de origem suíça, o noix d’entrecôte, cujo tíquete médio é de R$ 60 no almoço e R$ 80 no jantar. “A receita, que leva corte nobre de contrafilé e molho secreto com 21 ingredientes data de 1906, quando foi criado na Suíça. Em 2009 o projeto chegou ao Brasil e, agora, ao Grande ABC, com a 13ª unidade”, conta Fernanda Milred, diretora de expansão da holding de franquias SMZTO, que decidiu abrir seu próprio restaurante, em sociedade com Antonio Sampaio. Eles estão investindo R$ 1 milhão e já contrataram 30 pessoas.

A escolha da cidade se deu em virtude do poder de compra local e do fato de muitos clientes do restaurante do Itaim, na Capital, serem de São Caetano. “Eles pediam muito uma unidade no Grande ABC”, diz Fernanda.

PERFIL - A maior parte das lojas inauguradas nos centros de compras neste ano tem foco nos consumidores das classes A e B, que sentem menos a crise. “É um nicho intacto, principalmente a classe A, que ganha com a alta dos juros e ajuda a movimentar a economia como um todo”, afirma Prearo.

Dos complexos de compras da região, o que mais tem novidades é o ParkShopping São Caetano, com dez aberturas realizadas e três acertadas para os próximos meses, seguido pelo Shopping Metrópole, com oito inaugurações e três para as próximas semanas. Na sequência, aparece o Praça da Moça, com sete lançamentos e três em vias de abrir. O São Bernardo Plaza Shopping lançou seis e espera por mais três, o Shopping ABC inaugurou duas e aguarda mais uma, o Golden Square Shopping abriu três e contará com mais quatro, e o Grand Plaza Shopping lançou duas. O Atrium Shopping e o Mauá Plaza Shopping não responderam até o fechamento desta edição.
 




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