Dirigente afirma que montadora deveria ter discutido outra proposta
Após tomar conhecimento de que a Mercedes-Benz tinha aberto novo PDV (Programa de Demissão Voluntária) na unidade de São Bernardo, o terceiro do ano, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirma que a decisão foi unilateral.
“Não que a empresa tenha de nos consultar para realizar um PDV, mas sequer fomos informados. Achamos estranha a abertura do programa após a rejeição da proposta colocada em assembleia para os trabalhadores no início do mês”, avalia Moisés Selerges Júnior, diretor do sindicato e integrante do CSE (Comitê Sindical de Empresa) da montadora.
Selerges Júnior se refere ao ato que encerrou o acampamento de cerca de 30 dias de 300 empregados que estavam em lay-off (suspensão temporária de contrato) quando foram demitidos, e que contou com a votação deles e mais 7.300 trabalhadores que estavam na ativa. Foi feita proposta de acordo que previa redução de 20% na jornada de trabalho e de 10% nos salários, além de abertura de novo PDV, o que foi recusado. “Havia um processo de negociação. Se foi rejeitada, teria de haver uma nova discussão para apresentar outra proposta, o que não aconteceu.”
Para o sindicato, é importante que não haja mais demissões, ressalta o sindicalista. “Se a empresa cometer o mesmo erro de quando dispensou aqueles 300 trabalhadores haverá forte reação”, avisa.
Selerges Júnior diz que a entidade aguarda contato da montadora para discutir a inclusão no PPE (Programa de Proteção ao Emprego) para manter o trabalho dos que ainda não foram dispensados a partir da redução de 30% na jornada de trabalho e 15% nos salários – os pedidos para participar do pacote do governo poderão ser feitos a partir do dia 22.
PROPOSTA
O Programa de Demissão Voluntária, segundo a montadora, vale para todos os empregados, inclusive os da área administrativa. A exceção fica por conta dos participantes do programa trainee denominado CAReer. O grupo dos funcionários que possuem restrição médica também será avaliado caso a caso, já que, por acordo coletivo da categoria, eles têm estabilidade. Aos demais, sejam horistas ou mensalistas, a proposta é de 50% do valor do salário por ano de atuação na companhia, limitado ao teto de R$ 65 mil, além dos direitos trabalhistas pagos na rescisão. O PDV ficará aberto até 14 de agosto.
O Diário teve acesso a documento que informava a abertura do PDV aos trabalhadores. Nele, a companhia não dispensa a concessão de férias coletivas ou licença remunerada para o início de agosto. A Mercedes diz que as medidas são reflexo das dificuldades do mercado, e que possui excedente de 2.000 funcionários. O segmento de caminhões registrou tombo de 45,2% na produção no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2014, e de 42% nas vendas, na mesma comparação, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
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