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Testemunha de atentado a sindicalista muda depoimento
Por Kléber Werneck
e Maurício Rodrigues
Da Redaçao
12/07/2000 | 00:49
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  Reviravolta no caso do assassinato do sindicalista Joao Trigueiro de Freitas, 38 anos. As duas principais testemunhas de acusaçao, o motorista Paulo César de Paula, 43, e o mecânico Damiao Anísio de Sousa, 33, desmentiram nesta terça, em juízo, os depoimentos feitos anteriormente à polícia. A versao inicial deles resultou nos indiciamentos de cinco pessoas. Desse total, quatro permanecem presas. Trigueiro foi executado com quatro tiros em setembro de 1999, em Sao Bernardo, quando articulava a divisao do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Grande ABC.

A mudança da versao aconteceu durante audiência no Fórum de Sao Bernardo. Damiao alegou ter sofrido ameaças para acusar os motoristas José Elenildo dos Santos, 38; Valdemir José da Silva, o Vavá, 37; Mauro Ribeiro de Lima, 36; José Macena de Souza, 45; e Ademir José da Silva, 40 - o único foragido. "Por telefone, uma voz deu os nomes. Eu nem conhecia eles. Prometeram matar minha família se eu nao fizesse isso", contou o mecânico.

Paulo afirmou ter sido enganado. "Dois vereadores de Diadema e o grupo do Joao Trigueiro me levaram até o Setor de Homicídios, no bairro Taboao. Falaram um monte de coisa para o delegado. Depois me deram um papel para assinar. Pensei que era a ata da reuniao", disse Paulo. "Só descobri depois que aquilo era o meu depoimento".

Paulo e Damiao, na saída do Fórum, tiveram de acompanhar o delegado Paul Henry Bozon Verduraz, da Delegacia de Homicídios. O advogado Hugo Hildemar Vanderlei, 49, que defende os acusados do crime, reclamou da atitude de Verduraz. "Depois do depoimento, que foi reservado, o delegado já sabia sobre as declaraçoes. Avaliamos que houve pressao contra as testemunhas para manterem o primeiro depoimento", comentou o advogado.

Verduraz afirmou que as testemunhas estao sendo "manipuladas" pela defesa dos acusados. Segundo o delegado, o depoimento de Damiao foi tomado perante ao promotor Rodney Claide Bolsoni Elias da Silva.

Na época, Paulo depôs para o delegado Antônio Tavares Calda Pereira Mesquita, atual delegado-titular de Sao Caetano, responsável pela delegacia de homicídios, quando aconteceu a execuçao de Trigueiro. "Acho muito estranho eles terem mudado tao radicalmente os depoimentos. Seguimos todo o procedimento exigido pela Lei", disse Verduraz.

O delegado garante que está agindo de acordo com a lei - quanto à acusaçao de estar coagindo as testemunhas feita pelo advogado. "Eu apenas convidei as testemunhas a comparecer à Delegacia de Homicídios, após o depoimento no Fórum, para esclarecerem a nova versao. Afinal, eu estou investigando o caso. Mas elas (testemunhas) se recusaram a falar, dizendo que só prestariam depoimento na presença do advogado, e isso foi respeitado", afirmou. Paulo deve depor no Setor de Homicídios na quinta.




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