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Acordo com asilo é descumprido

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
04/05/2015 | 07:02
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A qualidade de vida dos 62 idosos que vivem no asilo Sociedade São Vicente de Paulo, em São Bernardo, está sendo afetada, mas não em decorrência da atuação da instituição, e sim em virtude de compromisso não cumprido pela Prefeitura. O Executivo garantiu reformar o espaço em contrapartida à doação de parte do terreno da entidade para a construção do Hospital de Clínicas, na Estrada dos Alvarengas e vizinho ao asilo. O lote de 20.062 m² foi doado em 2009 e a unidade hospitalar, entregue em dezembro 2013.

O serviço prometido em prol do bem-estar dos velhinhos começou, pouco andou e parou. Na placa em frente ao local, até pouco tempo atrás constava o prazo da obra, com início em novembro de 2013 e oito meses para conclusão. Agora, tarja preta cobre o tempo previsto de duração. O investimento no painel fixa R$ 3,9 milhões.

“A proposta era inaugurar junto com o hospital, ou até antes, porque o asilo é muito menor, mas quando abriu lá, aqui não tinha nem começado”, disse o presidente da casa, Anacleto Pinto. “De julho a dezembro do ano passado a coisa pouco andou e de janeiro para cá, não andou nada. Está abandonado. Uns falam que parou todas as obras porque o prefeito (Luiz Marinho – PT) não tem dinheiro, mas cercaram toda a praça (São João Batista) do Rudge Ramos para começar uma nova. Ou tem dinheiro ou não tem. Deveriam pelo menos terminar o que está começado, mas parece que não tem essa boa vontade de terminar e cumprir os prazos.”

Em 2009, o então secretário municipal de Saúde e atual ministro Arthur Chioro, firmou em ofício entregue à Sociedade as melhorias que seriam feitas no local. Entre elas estava a reforma geral da ala Antônio Frederico Ozanam, para adequação do número de quartos, implantando 20 vagas para idosos com grau de dependência 3 (que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e/ou com comprometimento cognitivo). “Tivemos que tirar os idosos dessa parte e colocar na outra. Em quarto onde tinham três pessoas, há quatro. Cheguei até a seis camas, é que foram morrendo os idosos e a gente não colocou outros no lugar. Mas estava muito apertado, eles são como crianças, querem andar. Com o calçamento também inacabado, não tem como caminharem com segurança”, relatou a gerente administrativa do asilo, Vera Higino Ferreira.

No projeto também constam a construção de salas adequadas para abrigar a assistência social, psicologia, fisioterapia e farmácia. A realidade, porém, é improvisada. “Nossa farmácia está no antigo salão de festa, mas a temperatura não é adequada para colocar os remédios. Para a fisioterapia, fizemos um barraquinho, mas é muito quente e não tem como fazer nada no local, pois seria judiar do idoso”, contou Vera.

No dia em que o Diário fazia a visita ao asilo, dois funcionários da construtora Hudson (responsável pela execução da obra e que já construiu seis Unidades Básicas de Saúde em São Bernardo) estavam no espaço, porém, não contavam com mão de obra para trabalhar. “A obra está parada por um impasse financeiro. Falta dinheiro. A gente vem para cá na esperança de fazer alguma coisa”, falou um deles.

Procurada por uma semana para esclarecer o atraso na obra da Sociedade São Vicente de Paulo, a Prefeitura não se manifestou até o fechamento desta edição.

Obras paralisadas prejudicam aniversário

A Sociedade São Vicente de Paulo completará amanhã 58 anos de atividades. Para celebrar a data, a entidade planejava realizar almoço aberto ao público, cuja venda de ingressos ajudaria na captação de recursos para manter a estrutura e os idosos que lá vivem. Porém, a festa não poderá ser feita, já que o salão de eventos, que também está incluso no projeto de reforma de responsabilidade da Prefeitura de São Bernardo, está inacabado: sem janelas, com material de construção entulhado em cômodos e muita poeira.

“Tínhamos um parceiro que bancaria toda a parte de comida e bebida, mas, infelizmente, não poderemos fazer, porque o salão, prometido para novembro do ano passado, não saiu”, lamentou a gerente administrativa do asilo, Vera Higino Ferreira, salientando que, em ocasiões festivas, o público ao longo do dia chega a 5.000 visitantes.

O evento traria auxílio valoroso à instituição, que carece de ajuda para dar continuidade ao trabalho. Segundo Vera, a casa possui convênio com a administração municipal, que paga 49% do que custa o idoso. O custeio, no entanto, são para 41 vagas (o asilo conta com 62 idosos). “ A Prefeitura paga R$ 1.550 por cada uma das 41 pessoas e o restante, corremos atrás. O custo do idoso aqui é de R$ 3.150”, falou ela. Além disso, somam-se às despesas o quadro de profissionais – equipe de 63 funcionários.

O presidente da Sociedade São Vicente de Paulo, Anacleto Pinto, lamentou não ter uma resposta do Executivo quanto ao prosseguimento das obras. “O prefeito (Luiz Marinho – PT) nunca me recebeu. Em um ano, tentei 22 vezes marcar uma reunião com ele, mas nunca me deu resposta.” 




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