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Sônia Guedes a todo vapor
Carla Navarrete
Do Diário OnLine
12/04/2009 | 07:04
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Ricardo Trida/DGABC


Aos 76 anos, Sônia Guedes nem de longe parece ter planos de aposentadoria. Uma das fundadoras do GTC (considerado o primeiro grupo de teatro profissional do Grande ABC), ela está prestes a retornar à telinha na novela Poder Paralelo, da Record, que estreia na terça-feira. Também pretende retomar neste ano a montagem Ismênia, no Rio, e hoje ocupa o cargo de presidente da Apetesp (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo).

Em Poder Paralelo, Sônia viverá Berenice, uma quase vilã, mãe de Marilia (Maria Ribeiro) e Alberto (Marcio Kieling). "Ela vive um conflito entre os dois filhos, porque uma é policial e o outro é um drogado. E ela sempre acaba pendendo para o lado do filho", conta.

Segundo a atriz, apesar de não ser má, Berenice é uma "pessoa difícil". "Ela não é ruim, mas esse amor pelo filho a leva a ser radical com os outros."

Apesar de ter começado na TV em Malu Mulher (1979), a preferência de Sônia pela telinha é recente. Segundo ela, isso decorre da falta de bons papéis no teatro. "É difícil encontrar peças para pessoas da minha idade. Na TV, em compensação, sempre há muitas avós, tias e mães para serem interpretadas", diz.

Paixão - Com 55 anos de profissão, a paixão de Sônia pela atuação começou cedo, durante a infância em Paranapiacaba. "Aos 6 anos, já declamava textos. Ainda não sabia ler, mas a minha mãe me ensinava. Aos 10, fui à escola, onde participava de todas as peças. Depois, ainda descobri o canto, participando do coral na igreja", conta.

Por volta dos 20 anos, Sônia ingressou no teatro amador. A paixão pela arte, segundo ela, estava no sangue. "Meu avô materno era ator de uma companhia italiana que se apresentava em Santo André, no antigo teatro Carlos Gomes, antes mesmo de o local ter esse nome. Meu avô paterno, português, também era ator", revela.

Com a Scasa (Sociedade de Cultura Artística de Santo André), ela foi eleita a melhor atriz coadjuvante no 1º Festival de Teatro Amador do Estado de São Paulo, em Campinas. O ano era 1963. Como prêmio, a jovem ganhou uma bolsa na EAD (Escola de Arte Dramática) da USP, seu primeiro passo para o profissionalismo.

Política - Antes de formar o GTC, a atriz esteve entre as fundadoras de um CPC (Centro Popular de Cultura) em Santo André, de veia mais política. "Lutávamos contra a tirania da ditadura no Brasil", lembra. A peça de estreia foi Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, encenada no Sindicato dos Metalúrgicos da cidade.

Segundo Sônia, porém, era hora de abandonar o amadorismo. "Na EAD, o mundo do teatro se abriu para mim. Conheci todos os grandes clássicos, os grandes autores. Senti que queria fazer algo melhor, além desse teatro de costumes, mais simples", afirma.

Foi então que criou o GTC (Grupo de Teatro da Cidade), que ocupou sua vida durante dez anos a partir de 1968. Com a companhia, a atriz ganhou experiência para se lançar a voos mais altos, agora no teatro profissional.

Fora do GTC, atuou em peças como Medéia (1970), da companhia de Cleyde Yáconis, de quem é grande fã. "É a atriz que mais respeito. É minha ídola", diz, aos risos.

Caixa de Sombras (1978) foi o espetáculo que lhe garantiu o maior número de prêmios, incluindo um APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor atriz. Já em Rasga Coração (1979), atuou ao lado de Raul Cortez.

Sônia também trabalhou com outras grandes estrelas do teatro brasileiro, como Bibi Ferreira - a qual substituiu em produções como O Homem de La Mancha (1972) e Gota D'Água (1975) - e Paulo Autran, que a dirigiu em Dia das Mães (2001). "Aprendi demais com eles", conta. Com Mauro Rasi encenou várias peças, incluindo Pérola, sucesso na década de 1990.

Televisão - Além da Globo, na qual fez novelas como Barriga de Aluguel (1990) e Mulheres Apaixonadas (2004), Sônia passou pelo SBT e pela Manchete. Mas foi nos últimos anos que engatou mais trabalhos consecutivos na telinha, em novelas da Record como Cidadão Brasileiro (2006), Luz do Sol (2007) e Amor e Intrigas (2008).

Garantida no elenco fixo da Record, Sônia afirma que a concorrência feita pela emissora frente à Globo é mais do que benéfica para a categoria. "Isso dá oportunidade para todo mundo trabalhar. Também fez com que a Globo aumentasse seu elenco fixo, desse mais valor para manter seus atores na casa", diz.

Apesar de normalmente ser coadjuvante nas novelas, não reclama. "A TV se baseia na imagem de suas estrelas, na mocinha, no galã. Mas são os atores que fazem a base das histórias que dão sustentação para a trama principal", completa.




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