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Ovídio depoe nesta quarta a comissao representativa
Do Diário do Grande ABC
27/07/1999 | 19:57
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O depoimento do secretário nomeado de Desenvolvimento Urbano, Ovídio de Angelis, à comissao representativa do Congresso será nesta quarta (28) de manha. Ele tentará convencer o Congresso de que nao houve falta de ética na assinatura de convênios para Goiás - reduto eleitoral dele - no valor de R$ 32 milhoes, dentro de um orçamento de R$ 49,6 milhoes destinado para a Secretaria Especial de Políticas Regionais somente este ano.

O Palácio do Planalto vai acompanhar com atençao o depoimento. Colaboradores próximos ao presidente Fernando Henrique Cardoso afirmam que, embora a situaçao dele seja delicada, o sucesso do secretário no Congresso pode tornar viável a permanência no governo.

Para se preservar do desgaste de uma convocaçao formal, Angelis procurou nesta terça pelo presidente da comissao representativa do Congresso, Geraldo Melo (PSDB-RN), e se ofereceu para esclarecer os convênios firmados pela secretaria durante os últimos dias de gestao. Em carta enviada a Melo, o secretário sugeriu que o encontro fosse realizado nesta quarta, evitando a votaçao do requerimento para a convocaçao. "Se fôssemos votar o requerimento, o depoimento poderia ser protelado até por duas semanas para cumprir o regimento da Casa", explicou Melo.

Calado, o secretário está se esforçando para que o episódio nao lhe custe o cargo. Na tarde dessa segunda (26), esteve com Fernando Henrique no Palácio do Planalto para explicar o processo de liberaçao das verbas e contestar as acusaçoes do deputado petista Geraldo Magela. Já tivera uma conversa com o secretário-geral da Presidência da República, Aloysio Nunes Ferreira, e enviara documento escrito com os argumentos para o ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente.

O governo vem tratando o assunto com cautela. Embora tenha recebido o episódio com desagrado, o Palácio do Planalto tem evitado fazer um julgamento do secretário, à espera de eventuais novos desdobramentos do fato. Satisfeito com as explicaçoes do secretário, Fernando Henrique prefere esperar pelo desfecho no Congresso e só deverá agir, exonerando Angelis, se houver forte pressao política para isso.

O governo deve repetir, se necessário, a mesma estratégia das demissoes do ex-ministro das Comunicaçoes Luiz Carlos Mendonça de Barros e do ex-diretor-geral da Polícia Federal (PF) Joao Batista Campelo, que só deixaram o governo quando a pressao política tornou insustentável a a manutençao deles. O risco de um massacre pelos parlamentares, entretanto, pode estar reduzido neste momento, uma vez que o Congresso ainda está em recesso parlamentar e a comissao representativa é composta por um número limitado de deputados e senadores.

Há uma semana, Magela, líder em exercício do PT na Câmara, acusou Angelis de ter liberado R$ 32 milhoes para prefeituras goianas, num período de cinco dias, retirados de um orçamento de R$ 49,6 milhoes. Ex-secretário especial de Políticas Regionais, ele foi remanejado pelo presidente para a nova secretaria, criada pelo governo para agradar ao PMDB durante a recente reforma ministerial e espera pela ediçao de uma medida provisória (MP) para assumir efetivamente o cargo.

Segundo levantamento apresentado por Magela, entre os dias 12 e 16, último em que esteve à frente da Secretaria Especial de Políticas Regionais, Angelis assinou 79 contratos com municípios de Goiás, entre o total de 135 convênios assinados com todo o País. Pela pesquisa, em abril, apenas R$ 1 milhao foi empenhado pela secretaria de Angelis; em maio, foram R$ 2,3 milhoes; em junho, R$ 9 milhoes, e, em julho, houve um salto para R$ 49,6 milhoes.




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