Setecidades Titulo Hemocentros
Apenas 1% da população doa sangue

Região possui apenas 4.500 voluntários assíduos cadastrados
em banco regional; Capital tem somente 12 mil doadores ativos

Andressa Dantas
Especial para o Diário
25/11/2012 | 07:00
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O Dia Nacional do Doador de Sangue é lembrado hoje e demonstra a falta de adeptos à prática no Grande ABC. Em toda a região, são 4.500 doadores assíduos - menos de 1% da população das sete cidades, que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é de 2,6 milhões de pessoas, aproximadamente.

Em dez anos de trabalho da Colsan (Sociedade Beneficente Coleta de Sangue) na região, foi atingida a marca de 100 mil cadastrados, mas isso não significa que todos compareçam aos hemocentros com frequência. Entre janeiro e novembro foram registradas apenas 48 mil doações.

O baixo índice não é exclusividade da região. A Capital possui 12 mil doadores ativos, em universo de 11,3 milhões de habitantes.

Para a coordenadora dos hemocentros do Grande ABC, Solange Rios, os números refletem a falta de informação da população. "As pessoas não sabem que é um procedimento simples. Às vezes, acabam doando apenas quando alguém muito próximo precisa da contribuição".

A falta de divulgação em empresas, universidades e estabelecimentos comerciais dificulta ainda mais a atração de novos interessados. "Quando eu morava no Brasil, nunca havia doado sangue. Morava em Santo André e não via ações de incentivo. Doei pela primeira vez na Alemanha ao ver uma campanha da Cruz Vermelha na universidade", relata Luis Gustavo Cabral, 31 anos.

Na Alemanha, os doadores são remunerados pelo ato; o valor varia entre 25 e 50 euros, dependendo do tipo de doação. "Atualmente moro na Espanha e costumo doar até quatro vezes por ano, que é o máximo permitido. Moro ao lado de um hospital, mas também participo das campanhas que acontecem na universidade", afirma Cabral.

Mesmo com a falta de divulgação e incentivo, é comum encontrar nas filas dos hemocentros pessoas que se deslocam para doar a desconhecidos. "Os doadores voluntários são muito importantes para a manutenção dos bancos", ressalta Solange.

Cada doador é capaz de salvar três vidas e recebe dispensa das atividades realizadas no dia, como trabalho e estudo. "Fazer o bem a alguém é um hábito saudável. Sou doador voluntário há 15 anos. Às vezes chego no hospital e pergunto se há algum paciente específico precisando de doação", diz o livreiro Alexandre Ribeiro, 36.

A portaria que libera a doação de menores de idade, assinada em 2011, não mudou a situação na região. Apenas 25 jovens doaram neste ano.

Para se tornar doador é preciso ter entre 16 e 68 anos, pesar no mínimo 50 quilos e não ser portador de doenças sexualmente transmissíveis. Não é permitido que a pessoa seja diabética ou tenha contraído doenças como mal de Chagas e hepatite após os 11 anos.


Homossexuais ainda são discriminados

De acordo com a portaria 1.353/2011, que rege a atuação dos serviços hemoterápicos, "a orientação sexual (heterossexualidade, bissexualidade, homossexualidade) não deve ser usada como critério para seleção de doadores de sangue, por não constituir risco em si própria". Entretanto, doadores afirmam que foram vetados após se declararem gays ou lésbicas.

"O fato de ser homossexual não me faz uma pessoa promíscua. Tenho um relacionamento estável, não possuo nenhuma doença e mesmo assim, não pude doar sangue para a minha avó quando ela precisou", lamenta Rogério Lima, 43 anos.

A resolução prevê que, durante a triagem e coleta, não haja qualquer tipo de preconceito ou discriminação. No entanto, homem que tenha feito sexo com outro homem nos últimos 12 meses não pode doar. O argumento é de que o risco de contágio pelo vírus HIV nesse grupo é maior em comparação aos heterossexuais.

A portaria também autoriza a doação de adolescentes de 16 anos, mediante autorização dos pais por escrito. "Ainda não há impacto das doações realizadas por adolescentes. Neste ano tivemos apenas 25 em toda a região", destaca Solange Rios, coordenadora dos hemocentros do Grande ABC.




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